sexta-feira, 21 de julho de 2023

Uma Catarse no mar.


Em agosto de 2022, estava conversando com a Elaine, que é nossa personal physiotherapist, sobre natação. Dizia eu que, por várias razões, queria fazer natação; mas não havia nenhuma academia que tivesse aulas de natação, perto do Pântano do Sul. Ela me disse:

- Tenho uma amiga que está fazendo natação no mar na Armação, posso pedir a ela o contato do pessoal que faz os treinos.

No mesmo dia ela me passou o contato do Maurício e no dia seguinte fui até a Armação, falei com o Maurício e com a Regina, conheci o projeto Treino e Travessias (TT) e comecei os treinos nesta mesma semana.

Até esse momento eu nadava, ou melhor tentava nadar acompanhado pela lembrança de um afogamento que ocorreu quando eu tinha 14 anos e que insiste em me “assustar”, atualmente bem menos.

O desafio de nadar no mar tem algumas variáveis que não ocorrem nas piscinas. O aprimoramento da técnica através de educativos é bem parecido, mas o mar é um “Ser”, dinâmico, tem vontade própria e seu “humor” varia sob a influência de luas, temperaturas, ventos e marés, seu estado de espírito pode ser avaliado por tamanho das ondas, energia e potência e tem dias que o bicho pega.

Nadar no mar, três vezes na semana, passou a fazer parte do cotidiano. A dupla Regina@Maurício nos ensina, nos envolve e nos desafia, o que é o diferencial no aprimoramento da técnica e superação de nossas dificuldades e nossos “medos”.

Quando vou nadar no mar, com uma temperatura externa de 10 graus, chuva e vento e a água do mar a 19 graus, penso:

- Por que estou aqui?

Resposta:

Esses pequenos desafios me fazem bem, sinto-me vivo, me traz serenidade, equilíbrio e aprendizados

Além disso tem a amizade da galera, a parceria, a sinergia que permeia o grupo junto a nossos queridos treinadores.

A Regina nos ensina que o grande desafio é encontrar e entrar na “vibe” do “flow”, para encontrar o que eu chamaria de Catarse no mar!

“Tu me dizes, eu esqueço; Tu me ensinas, eu lembro; Tu me envolves, eu aprendo” Benjamin Franklin.

Valeu TT.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

Um beijo de quarenta anos


Estávamos retornando ao Pântano, após nosso encontro das segundas no GEBEN, quando acertamos a comemoração dos 37 anos de casamento. Optamos pelo almoço no Mandala ao invés de nosso tradicional jantar comemorativo da data devido a algumas questões, vamos dizer, de nosso cotidiano.

De repente a Lu disse:

- Sabias que este ano também vamos comemorar os quarenta anos de nosso primeiro encontro, nosso primeiro beijo.

Eu disse:

- É mesmo

Ela comentou:

- Não irás escrever nada sobre a data?

- Eu....???? 

O ano era 1982, o mês dezembro e eu me preparava para passar o ano novo no RJ, haviam passados três anos desde o dia que cheguei para trabalhar no Rio Grande do Sul, e durante esse período conheci várias cidades gaúchas. O bah, barbaridade, piá, prende o grito, tchê, tri, pechada, magrão etc, já faziam parte de meu vocabulário e de churrasco em churrasco comemorávamos os amigos e a vida.

A princípio pensava que retornaria para o quarto ano nos pampas, mas minha empresa decidiu me transferir para Brasília. No início fiquei surpreso e triste, pois a gauchada já era tudo brother, mas minha vida profissional era assim, um período no sul , outro em Brasília , outro em Manaus, outro na Argentina, outro no RJ e por aí vai.

Em 03 de janeiro de 1983 eu, o Luiz e seu fusquinha partimos para o DF. Foi uma viagem com direito a enchente em BH e nossa descoberta que o fusca também andava debaixo d’agua , literalmente.

Ao chegar em Brasília me senti tipo “Santo Cristo”, com a beleza da cidade e as luzes de Natal. Brasília tem uma estrutura de cidade bem diferente das que eu conhecia, não tem bairro , tem cidade satélite, não tem rua, tem quadra e aos poucos vamos entendendo os eixos W e L, as SQN e SQS, as QI e as QE, setor hoteleiro, setor de farmácias etc.

O Luiz já havia me falado que a família de seu tio morava em Brasília e no primeiro final de semana encontramos com a parentada no Conjunto Nacional. Estavam o Lula, a Zilda, a Jurema e uma amiga (que moram no RJ), o Henrique e a Lu, que não deu a mínima para mim, mas quando a vi lembrei de um verso da música da dupla gaúcha K&K :

“Tens um não sei o que de paraíso”.

Os dias foram passando, a rotina do trabalho e eu me familiarizando com o cotidiano de Brasília, aquela coisa de clube, barzinho , parque da cidade e festinhas.

Era 05 de março de 1983, eu e Luiz combinamos de ir à boate Sunshine no Gilberto Salomão. Ele iria antes na festa de aniversário de um aninho da Fernanda, que é filha de sua prima Lucimar. Me falou que quando saísse da lá me telefonaria para me pegar na 308 F.

Passava das nove da noite quando o Luiz me ligou dizendo que estava saindo do Guará e eu falei blz, manda um beijo para tua sobrinha, então ele disse algo que não entendi:

- Ela vai comigo e desligou.

Não entendi pois o beijo era para Fernanda, enfim.

Fiquei esperando o Luiz na portaria do bloco e para minha surpresa quando ele chegou a Lu estava junto. Fiquei um tanto quanto surpreso e feliz.

Partimos para o Gilberto Salomão, no fusquinha, entre conversas, sorrisos e olhares.

Entramos na Sunshine, sentamos e entre uma dose de whisky e uma dose de martini conversávamos como se a música e o barulho do ambiente não existissem.

Eu ficava olhando a Lu, seu rosto, seu olhar, seu pequeno nariz, seus lábios e aquela sensação  gostosa foi tomando conta de minha mente e de meu coração.

Em um dado momento falei para Lu:

- Eu queria te dar uma beijo, mas estou meio envergonhado por causa de seu primo.

Ela disse:

- Não liga para meu primo não.

Então o momento mágico aconteceu, nosso primeiro beijo, doce, suave, envolvente, indescritível.

Fiquei pensando em algo para descrever este momento, e encontrei nos versos do poetinha Vinícius de Morais:

“Vou dormir querendo despertar

Pra depois de novo conviver

Com essa luz que veio me habitar

Com esse fogo que me faz arder”

                                                    Lu, tenho-te em mim , hoje e sempre.

 

quinta-feira, 13 de outubro de 2022

Faço por merecer ?


 

Quando completei 50 anos, escrevi “Um novo Cinquentar”, quando completei 60 anos, escrevi “E se você descobrisse que morreria na semana que vem, o que farias?”. Seguindo esta sequência, a princípio, só escreveria algo sobre mim ao completar 70 anos; todavia o ato de escrever, no meu caso, “independe” de minha vontade. É algo que surge em momentos distintos é o que talvez possamos chamar de inspiração e essa varia em função do meu caminhar, de minhas emoções, do meu aprendizado e nas ocasiões as quais meu espírito me instiga.

Amanhã completarei 65 anos e pensei em fazer um “trailer” dos 70, talvez até em função desses tempos complexos que estamos vivenciando, não só aqui, mas como no mundo. Difícil entender o renascimento de movimentos ultrarradicais os quais milhões de pessoas estão adotando como modelo ideal de relações socio, política e econômica. As pessoas estão “esquecendo”, ou nunca assimilaram os malefícios de um mundo com valores tão distópicos.

Mas minha abordagem não será esta, mesmo porque talvez tenhamos que “retornar” aos anos 30,40,50,60,70, do século passado, para que definitivamente consigamos evoluir.

O que me faz escrever hoje é uma autorreflexão em função de ter assistido a uma palestra do Cortella: “Faça por merecer”. Nesta palestra ele utiliza o filme “O resgate do soldado Ryan”, que é fantástico, para discorrer sobre o tema.

Não irei aqui fazer spoiler do filme e sugiro, aqueles que não assistiram, assistam.

Pensando na palestra e no filme, me veio o seguinte questionamento:

Eu fiz ou faço por merecer? Ou como o próprio Cortella questiona: se eu não existisse, faria falta? E aqui entendam como “falta”, a “importância” que represento para aqueles que convivo em um contexto mais amplo.

Faço por merecer como filho, pai, esposo, profissional, vizinho, cidadão etc?

Faço por merecer minha mesa farta, meu lar, minha saúde, minha família, meus amigos etc?

Bem, ao completar 65 anos faço um convite a todos, antes de “questionar” o de onde eu vim ou para onde eu vou ou porque eu existo. Simplesmente procurem responder:

Faço por merecer?

 

 

 

 

 

sábado, 6 de agosto de 2022

No centro de um Planalto vazio


 No centro de um planalto vazio, assim começa a letra de uma canção de Oswaldo Montenegro, que gosto muito. Narra o amor entre Leo e Bia, um amor que percorreu os caminhos entre Belém e Brasília.
Em um trecho, que utilizarei como metáfora de nosso momento social e político, está:
“No centro de um Planalto vazio, como se fosse em qualquer lugar, como se a vida fosse um perigo, como se houvesse faca no ar, como se fosse urgente e preciso”.
No decorrer dos últimos três anos e alguns meses, todos fomos “forçados” ao que eu chamaria de “updowngrade” existencial, devido aos mais diversos desafios, sendo o principal a COVID. Alguns UP, outros Down.
As facas bailaram pelo ar e na terra Brasilis o vazio se perpetuou de mãos dadas com o perigo em uma distopia bizarra.
Creio que em tempo de urgências advindo da carga emocional de momentos difíceis, é sempre bom fazermos as contas para verificação de nossas "dívidas comportamentais" diante das exigências de nosso tempo, que com todo esse "rebuliço" nos deixou mais conscientes da necessidade de evoluirmos no sentido mais amplo da palavra.
Em nossa jornada perene, vivemos pensando que estamos no amarelo, afinal temos nossas virtudes. Mas normalmente estamos no vermelho.
Mas nossa estrada é longa, nossa trilha é difícil e as vezes nossa alegria é pouca, todavia vamos a cada dia, "inexoravelmente", traçando nosso caminho.
Eu de “naturalidade” brasileira, de coração e por opção, fico aqui meio que "tristinho" observando aqueles que vendem a nossa bandeira e destroem algo de esperançoso que insisto em acreditar.
Por isso, nesse bicentenário de nossa “independência dependente”, me bateu um sentimento forte para com nossa querida terra Brasilis, com o que ela poderia representar e com o que ela realmente se tornou, "O Detrito Federal", cujo grande legado é a "prostituição política" que se tornou um câncer de extensão nacional e cuja responsabilidade, ou melhor, culpabilidade é de todos nós.
Se faz necessário que em nossa "reflexão de civilidade" pensemos também em nossa evolução como cidadãos, na qual a construção começa em nosso lar, passa por nosso bairro, por nossa escola, nosso trabalho, nossa cidade, nosso país e nosso voto.
Que a face do "opressor" de plantão, não seja confundida com a face do estadista. O preço que estamos pagando, por conivência, omissão ou ignorância, já está bem alto.
Que em outubro de 2022, nosso posicionamento diante da governança nacional sofra um upgrade em responsabilidade, em dever, em direito, em ação e em amor.
Que em outubro de 2022 não seja repetida a escolha insipiente de 2018.
 
http://www.youtube.com/watch?v=Ab9qPgdJI2w

quarta-feira, 20 de outubro de 2021

Segredos

 



Ahh! Esses novos velhos tempos

Sempre ouço a mesma música

Uma vez ao dia, pelo menos

A melodia toca meu espírito

Remexo minhas roupas, camisas, meias, calças ...

Me vejo no espelho, rugas de alegria e de alguma tristeza

A pele perde a elasticidade, efeitos do passar dos momentos

Sim, momentos, nem horas, nem dias, nem semanas, apenas momentos

Milênios e milênios

Oriente, Ocidente; quantas terras visitadas

Uma face, um sorriso, uma lágrima, uma lembrança

Quanta arte, quanta cultura, sons e tons

O cheiro acridoce do alimento

A espada, o machado, a flexa e a faca

A bala

O sangue e a carne

O abraço, o beijo, o tapa

Eu, você e eles

Entre Deuses e demônios

Olhamos, mas não vemos

Escutamos, mas não ouvimos

Vivemos, mas não agradecemos

Cada novo sol, cada nova lua, uma outra estrada

A tenda, o castelo, a mata

A vela, o lampião, a mesa

A água, o pão, o vinho

A serra, o mar, o deserto

O sol, a chuva, a neve e o vento

A culpa do dia, a oração da noite

O perdão e o castigo, a coragem e o medo

Segredos...


sexta-feira, 10 de setembro de 2021

A namorada! Aquela que foi, sem nunca ter sido.

                                                    Ilustração: https://tharsoduarte.com/


Estava revendo alguns escritos antigos, e encontrei o abaixo, na época um amigo me disse:

- Muito bom! O melhor de todos...e as músicas exatas!!

Fiquei feliz pois raramente recebo Feedback de meus escritos. Espero que vocês também gostem.

" Era fevereiro e ele estava há poucos meses na cidade.

Saiu do trabalho no final da tarde e resolveu voltar a pé para o apartamento, afinal eram apenas quatro quilômetros e a temperatura amena era um convite à caminhada.

No início do percurso ficou observando as avenidas largas, as ruas arborizadas e o pequeno fluxo de carros.

Algo bem diferente da cidade natal, que já estava sob o signo do stress, da violência e do caos.

Observou também as pessoas do local, que era tipo uma “torre de babel” do regionalismo nacional, o “dialeto” local era carregado dos mais variados sotaques e expressões, algo novo para ele, até então.

Passados alguns minutos de caminhada, viu que na sua frente havia um carro aguardando a abertura do sinal para entrar na avenida principal, nesse havia duas mulheres e ambas olhavam para ele. Falavam algo e sorriam.

Ele passou pelo carro, não resistiu, e voltou.

Chegou na janela e disse:

Vocês estão sorrindo de mim ou sorrindo para mim?

A mulher que estava no banco do carona sorriu e disse:

Estamos sorrindo para você.

Ele ficou surpreso e até sem saber o que falar, ela sorriu mais uma vez e disse:

Vamos nos encontrar no Pub hoje à noite, lá pelas 21 horas, estarei te esperando.

Ele só conseguiu responder:

OK.

O sinal abriu e elas se foram.

Ele ficou meio atordoado, tipo assim: me belisca para eu saber se é verdade.

A mulher não era tão jovem, devia ter uns 40 anos, e ele tinha 23.

Ela era bonita, tinha os cabelos ondulados que chegavam até os ombros, era morena, tinha os lábios carnudos e nariz afilado, um sorriso estonteante e sardas deliciosas nos ombros.

Não viu seus olhos pois ela estava usando óculos de sol.

Por alguns momentos essa imagem tomou conta de sua mente, como que um flashback do fato há pouco ocorrido.

Ele chegou no apartamento e foi para o quarto.

Eram 18 horas e ela marcou às 21 horas.

Essa mulher está de sacanagem comigo, pensou.

Bem é sexta feira, estou de bobeira e não tenho nada para fazer.

Vou até o Pub e se não der em nada pelo menos vou conhecer o lugar e quem sabe pode até rolar alguma coisa interessante.

Ele tomou banho, escolheu a roupa, o que não foi muito fácil pois sempre há a preocupação do excesso ou escassez na formalidade do vestir, afinal havia a possibilidade de acontecer um “primeiro encontro”.

Ele colocou uma calça jeans, uma camisa de fibra com algodão, um sapato esporte. Passou o perfume preferido e partiu.

O Pub era perto de seu apartamento e ele foi caminhando.

Chegou no Pub e já havia uma quantidade razoável de pessoas.

O lugar era bem interessante com música ao vivo, poltronas com mesinhas espalhadas no ambiente e aqueles banquinhos em volta do balcão onde servem as bebidas.

Ele chegou, deu uma olhada geral e não viu a balzaquiana misteriosa.

Resolveu pedir um whisky e ficar curtindo o som do conjunto que tocava Stairway to Heaven.

Os carinhas mandam bem, pensou.

De repente, alguém tocou em seu ombro e disse:

Oi!

Ele se virou e quase caiu do banquinho.

Ela sorriu e disse:

Tudo bem?

O seu sorriso era tão mágico quanto o mundo de Oz e seus olhos eram verdes/castanhos claros/cinza, algo que reluzia como um “arco íris” contemporâneo.

Ele quase não conseguiu retribuir com um “Oi”.

Ela disse: vamos para uma mesinha?

Ele disse: claro

Ela foi andando na frente e ele atrás.

Ele ficou observando seu vestido, seu corpo e seu andar.

O vestido dela era cinza bem claro, com certo nível de transparência e seu corpo era generoso.

Ela escolheu uma mesinha e lá ficaram.

Ele a observou mais de perto, ela usava pulseiras e brincos artesanais, pouca maquiagem, somente um batom básico, unhas bem tratadas e também tinha uma pulseirinha enrolada no tornozelo que ornamentava os pés tratados em Podólogas.

O conjunto da obra era, vamos dizer, fascinante.

A conversa começou a fluir e o assunto passeava por amenidades, política, cidade, pessoas, música, cinema e sobre a vida.

Ela, em alguns momentos enquanto conversavam, mordia de leve o lábio superior e outras vezes o inferior.

Tinha uma sensualidade estonteante.

Ela bebia coquetel de frutas, ele continuou no whisky e pensava:

Essa mulher é um enigma.

O conjunto foi substituído por um carinha com um violão e agora só rolava MPB.

De repente o carinha manda:

E por falar em saudade onde anda você
Onde andam seus olhos que a gente não vê
Onde anda esse corpo
Que me deixou louco de tanto prazer
E por falar em beleza onde anda a canção
Que se ouvia na noite dos bares de então
Onde a gente ficava, onde a gente se amava
Em total solidão
Hoje eu saio na noite vazia
Numa boemia sem razão de ser
Na rotina dos bares, que apesar dos pesares,
Me trazem você
E por falar em paixão, em razão de viver,
Você bem que podia me aparecer
Nesses mesmos lugares, na noite, nos bares
Onde anda você? By Vinícius

Eles se olharam, e o brilho dos olhos denotaram o desejo da boca, O Beijo, e o beijo foi longo, intenso, doce, sensual, único.

O papo continuou, entre sorrisos e outros beijos.

Em um determinado momento, lá pelas 3 horas da manhã, ela pegou sua mão e disse:

Vamos dançar?

Ele estranhou, pois embora o Pub já estivesse bem vazio, não havia lugar para dançar, mas como ela pediu, ele se levantou e foram dançar ao som de Tigresa, by Caetano.

Ao acabar a música ela o abraçou fortemente, beijou novamente seus lábios, deu uma mordidinha suave na pontinha de sua orelha e sussurrou  :

Obrigado por essa noite incrível, vou sentir saudades.

E foi embora.

Ele se sentiu como que atropelado por um caminhão, ficou parado, atônito.

Voltou para mesa, tomou outro gole e pediu a conta.

Outra surpresa, pois o garçom lhe disse:

Senhor, a conta já foi paga.

Ele nunca mais a viu,  mas isso não importa pois simplesmente aconteceu.

Um lugar, um momento, duas pessoas, algo para se guardar e lembrar de vez enquanto.

Ah,... essas mulheres.

Seus desejos, seus segredos, seus medos, seus amores.

Há poesias e letras de músicas que transmitem situações cuja percepção é individual, pessoal, pois está diretamente ligada a vivência e experiências de cada um.

A música no link abaixo, talvez, resuma a emoção deste momento efêmero nesta pequena estória, ou seria história?

https://music.youtube.com/watch?v=8VJVnA6Kkm8&feature=share

By Brother51º

quinta-feira, 5 de agosto de 2021

Tecnologias disruptivas.

Olá pessoal, tudo bem?

Há muito não publico no blog e fatos contemporâneos, notadamente nas Terras Brasilis, são ricos em inspiração para aqueles que gostam de exercitar a escrita. Todavia, tudo que escrevemos atualmente é passível de polarizações e sinceramente acho que cansei de ficar tentando justificar o “óbvio”. Chegamos ao ponto de negar fatos e isso transcende ao bom senso. Pensando em fatos, cabe um comentário sobre as Olimpíadas onde a periferia está demonstrando que supera a miséria sem fim e é forte na resiliência, na perseverança, na coragem, na fé, na esperança.

Bem, minha narrativa de hoje trata de uma questão pessoal. Esta semana solicitei a empresa que fornece sinal de TV a Cabo, a desativação/desinstalação dos pontos de TV aqui em casa. No momento o qual estava em contato com a atendente do provedor, me veio lembranças de um momento de minha vida profissional.

O fato ocorreu em 2004 ou 2005, eu trabalhava em uma empresa de Telecom, que por interesses “sombrios” foi vendida em 2009, e começamos a avaliar um serviço a ser disponibilizado para os clientes, chamado Triplo Play. Este serviço unificava o acesso à Internet, serviços de telefonia e vídeo on demand, em um único dispositivo, o que hoje seria uma “smart TV”. Lembro que quando estávamos fazendo os testes, comentávamos sobre a possível “falência” das vídeo locadoras e as dificuldades para as empresas que forneciam sinais de TV no tocante a perda de clientes; com a implementação deste serviço, sem contar com a “descontinuidade” de toda uma cadeia produtiva e da criação de uma nova cadeia produtiva que exigia mais especializações.

Atualmente em meu celular posso: receber e enviar e-mail, assistir filmes/vídeos (Netflix, Amazon Prime, Globoplay, etc.), fazer as tratativas bancárias, comprar, vender, ver o noticiário, trabalhar, estudar, localizar, ser “induzido” ao consumo por algoritmos diversos, ser “induzido” a interpretações erradas e corretas de fatos, falar e ver qualquer pessoa em qualquer lugar, videoconferência, traçar rotas etc. O planeta ficou “reduzido” a um celular e a um acesso à Internet.

Toda inovação tecnológica, ou pelo menos a maioria, implica na descontinuidade de outras tecnologias, e atualmente em uma rapidez nunca antes vivenciada, traz o que poderíamos chamar de efeitos comportamentais que vão da depressão ao êxtase, do entendimento ao equívoco, da informação a desinformação, da valorização do “supérfluo”.

Resumidamente, o “processo” de criação ou trasnformação de uma tecnologia que irá descontinuar outra tecnologia chamamos de tecnologia disruptiva. Este “processo” é um problema? Dependendo de vários fatores, sim e na minha avaliação o maior problema é que na tecnologia disruptiva, ou na utilização desta, está sendo “embarcada” o que eu chamaria de “humanidade disruptiva” e este é o “ponto de inflexão” (parafraseando o Flávio Augusto da Silva).

Será que estamos sabendo lidar com os “efeitos” da tecnologia em nossas vidas, no nosso modo de pensar, no nosso modo de agir?

Pense nisso!