sexta-feira, 10 de junho de 2011

A namorada

“Poetas, seresteiros, namorados, correi.
É chegada a hora de escrever e cantar.
Talvez as derradeiras noites de luar.” By Gil.
Lua e namoro fazem uma perceria que talvez date o início do “início”, algo que não conseguimos explicar e não precisa, basta sentir.
O namorar, que é o início de um fim cada vez mais improvável no mundo contemporâneo e que foi substituído pelo “ficar”, ficou bem menos romântico ou talvez incorporou a dinâmica e a futilidade do planeta globalizado.
Estive assistindo na telinha algumas reportagens sobre o namoro, o amor, a cara metade e por aí vai. O que mais me impressionou foi a , vamos chamar de, “baixa qualidade/criatividade do diálogo” durante esta coisa mágica que é a aproximação, a paquera, a conquista.
Ouvi algumas coisas tipo:
- aí gata, você é muito linda!
- e você é muito gato!
- você tem “orcutii”?
- e você tem “é-meiu”?
Fora isso, é o “estar-ficar” na balada ouvindo o eterno spank!spank!spank!.....
Entendo que a meninada de hoje não descobriu o prazer de sentir aquele frio na barriga, a troca de olhares insinuantes, um sorriso maroto, um piscar atrevido, algo tipo :
“Teu rosto como um templo
Voltado para o oriente
Remoto como o nunca
Eterno como o sempre
E que subitamente
Se aclara e movimenta
Como se a chuva e o vento
Cedessem seu momento
À pura claridade
Do sol do amor intenso” by Vinícius
Ou talvez algo mais atual:
“You can run into my arms
It’s okay, don’t be alarmed
Come into me
There’s no distance in between our love
So gonna let the rain pour
I’ll be all you need and more” by Christopher Sterwart
Tenho saudades da criatividade romântica, dos anos 60, 70, 80, que foi traduzida em poesia, letras de músicas ou simplesmente belas cartas; e que em algum momento foi esquecida. Talvez hoje sejamos mais individualistas, obstinados, focados e perdidos em nosso egocentrismo.
Talvez estejamos cada dia mais distantes de nossa “espiritualidade”.
Talvez o medo tenha inibido a amor.
Talvez o consumismo fútil, a busca desesperada pelo sucesso, o narcisismo doentio do culto ao corpo, a vulgarização do belo, a banalização do verbo etc, impeçam e expressão máxima de nossos sentimentos e desejos.
Talvez nosso maior desejo, em relação ao namoro, se resuma em :
“Touch me now
I close my eyes
And dream away”
http://www.youtube.com/watch?v=dNNk1twaNsA&feature=related

Um comentário:

  1. Brother
    fantastico, vc traduziu o que nossa geraçao pensa sobre o que é o namoro e nao o ficar de atualmente
    abraço
    Milton

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