domingo, 26 de maio de 2013

Uma menina me ensinou, quase tudo que eu sei.........


Entramos no cinema e uma expectativa natural se fazia presente, notadamente na Lu ( candanga por amor e nascença ) e em mim (candango por amor e opção). Me chamou a atenção o público presente na sala de exibição cujas idades variavam dos 13 aos 60.
A película começou ao som de  “Tempo perdido” e a esplanada dos ministérios como pano de fundo. Bateu um mix de nostalgia, saudade e em poucos segundos um turbilhão de pessoas, lugares e momentos povoaram minha mente e meu coração. Logo em seguida aparece o “Renato” de camelo e seu jeito “peculiar” de ser, interessante como o ator lembra o Renato.
Durante os 104 minutos de filme revivemos nossa época de “quadradinho do serrado”. 
Cheguei pela primeira vez no DF, um lugar diferente de todos os quais eu já havia conhecido e com uma “sintonia” que não consigo explicar, em janeiro de 1983, nesta época convivi com alguns carinhas muito legais, Alfredo e Kátia, Lineu, Alexandre, Luiz Antônio, Liana, Rubinho, Petrônio, a galera da SESA e com a galera local, a Lu, Lucimar, Fernando, Farofa, etc. Frequentávamos os clubes, as festinhas e o som que rolava era Legião, Plebe, RPM, Paralamas, Capital e por aí vai.
Após um período fora retornei em 1986 e saímos em 2006. Nesses 20 anos, com outros carinhas muito bacanas , (aqui não vou citar nomes pois corro o risco de esquecer alguém) tivemos o privilégio do convívio e continuamos a curtir as mesmas bandas by DF.
Como Eduardo e Mônica, eu e a Lu começamos nossa história, tivemos nossas crias, seguramos algumas barras, brigamos algumas vezes e hoje estamos vendo a história do Renato e com saudades daqueles que lá estão .
Para mim Renato é o maior e mais expressivo poeta urbano contemporâneo, que sabia como ninguém traduzir as questões existenciais em versos e músicas; bem interessante constatar, através do filme, como o Renato fazia seu “laboratório” para escrever coisas belas, fortes e profundas.
Como todo artista na essência, Renato viveu em um mundo cujos valores o impeliam para a inconformidade, devido a essa coisa vazia e insipiente que caracteriza o mundo do final do século XX e perpetua no século XXI.
Talvez Renato não tivesse “sexo” definido, pois em seu mundo a  afetividade superava o fisiológico e as demonstrações de afeto são independentes de gênero. Em sua história a pessoa mais importante foi uma amiga, cujo relacionamento transcendia ao que poderíamos chamar de um relacionamento “normal”, pois a cumplicidade dos dois era algo muito mais além  do, vamos dizer, convencional.
Renato teve vários insights e tentou, através de suas músicas, nos apresentar alguma consciência holística; além de nos mostrar em Faroeste Caboclo a realidade violenta da periferia urbana, entendo que Renato queria nos deixar algo mais belo, humano  e sensível, ou seja, que vale a pena apostar no amor embora para muitos isto possa parecer piegas.
Na próxima quarta eu, a Lu e o Th mais novo iremos conferir Faroeste Caboclo e eu espero descobrir porque Maria Lucia se casou com Jeremias.....

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