domingo, 4 de agosto de 2013

Eu e Alfredo



 
O ano era 1982, o mês dezembro e já haviam passado 03 anos entre Santana do Livramento, Rosário do Sul, São Gabriel, São Borja, Alegrete, Horizontina, Uruguaiana, Santo Angelo,  Santa Maria, Cachoeira do Sul, Porto Alegre, Frederico Westphalen, São Luiz Gonzaga e Santa Rosa; eu já falava “tchê !” “piá”, “buenas”, “mais firme que palanque embainhado” e por aí vai.
Recebi a informação que iria deixar as terras do Sul e partir para o quadradinho do Goiás, estranhei um pouco mas como na época eu estava mais para nômade do que para nativo e minha profissão continuava a me embalar nos acordes de “Mande notícias do mundo de lá”, uma viagem a mais ou a menos fazia parte de meu cotidiano.
Deixei o Sul com um sorriso e algumas lágrimas. Fiz uma parada no Rio para ver a família e em janeiro de 1983, eu, o Luis e o fusquinha rumamos para o Planalto Central. Uma viagem que mudou definitivamente minha vida de “nômade”. Uma história que em outra oportunidade irei relatar.
Depois de atravessar a enchente em BH, literalmente o fusca ficou híbrido, chegamos ao Distrito Federal.
Clima seco, cultura diversificada, pessoas com os mais variados sotaques, comida arroz com pequi, arquitetura do Oscar; tudo bem diferente do que até então eu estava habituado.
Brasília era a W3, o Brasília Shopping, o Gilberto Salomão, o Pontão, a piscina com ondas, a feijoada no Cristal,a pizza no prima, a pizza no Germana, o pastel na Viçosa, a feira Hippie, a feira do Guará, a Festa das Nações, o pagode no Rio Grande do Norte, o bar Amigos, o karaokê no Varandas, a boite Xadrezinho, a Sunshine, o Libanus e os clubes/praias dos candangos.
Nesta época, eu e o Luis, fomos morar na 308 Sul e conhecemos grandes figuras, entre estas  o Lineu e meu grande brother Alfredo.
Foi muito legal este momento de minha vida, nos divertimos bastante.
O Alfredo é uma daquelas pessoas que entra na sua vida com uma forte identificação, o cara vira amigo, tipo “tamu junto”, “é nóis”, saca. Um cara como o Maurício, que é meu irmão e que conheço desde 1971.
Em Brasília vivemos alguns momentos muito legais, como o final de semana que passamos em Itiquira, eu a Lu, Alfredo e a Katia. Passamos as noites jogando cartas e literalmente tentando afastar os aracnídeos que insistiam em nos visitar.
Na última sexta a Lu me avisou que o Alfredo estava ficando mais velhinho, não consegui falar com ele, mas a Lu sim e soube que ele está quase “vovô”.
A última vez que vi o Alfredo, foi uma surpresa da Lu na minha festa de 50 anos; quando o vi não consegui dizer uma única palavra, nos abraçamos, aquele abraço que diz tudo o quanto a emoção não permite verbalizar.
Ao longo dos meus 55 anos, entre chegadas e partidas, entre o aqui, o ali e o agora, conheci muitas pessoas e alguns Alfredos e Maurícios .
O poeta dizia algo tipo “posso perder os amores, mas é inconcebível perder os amigos”, como a Lu é minha melhor amiga, tenho que concordar com  o poeta.
Para o Alfredo aquele abraço que trocamos em outubro de 2007.