quarta-feira, 20 de outubro de 2021

Segredos

 



Ahh! Esses novos velhos tempos

Sempre ouço a mesma música

Uma vez ao dia, pelo menos

A melodia toca meu espírito

Remexo minhas roupas, camisas, meias, calças ...

Me vejo no espelho, rugas de alegria e de alguma tristeza

A pele perde a elasticidade, efeitos do passar dos momentos

Sim, momentos, nem horas, nem dias, nem semanas, apenas momentos

Milênios e milênios

Oriente, Ocidente; quantas terras visitadas

Uma face, um sorriso, uma lágrima, uma lembrança

Quanta arte, quanta cultura, sons e tons

O cheiro acridoce do alimento

A espada, o machado, a flexa e a faca

A bala

O sangue e a carne

O abraço, o beijo, o tapa

Eu, você e eles

Entre Deuses e demônios

Olhamos, mas não vemos

Escutamos, mas não ouvimos

Vivemos, mas não agradecemos

Cada novo sol, cada nova lua, uma outra estrada

A tenda, o castelo, a mata

A vela, o lampião, a mesa

A água, o pão, o vinho

A serra, o mar, o deserto

O sol, a chuva, a neve e o vento

A culpa do dia, a oração da noite

O perdão e o castigo, a coragem e o medo

Segredos...


sexta-feira, 10 de setembro de 2021

A namorada! Aquela que foi, sem nunca ter sido.

                                                    Ilustração: https://tharsoduarte.com/


Estava revendo alguns escritos antigos, e encontrei o abaixo, na época um amigo me disse:

- Muito bom! O melhor de todos...e as músicas exatas!!

Fiquei feliz pois raramente recebo Feedback de meus escritos. Espero que vocês também gostem.

" Era fevereiro e ele estava há poucos meses na cidade.

Saiu do trabalho no final da tarde e resolveu voltar a pé para o apartamento, afinal eram apenas quatro quilômetros e a temperatura amena era um convite à caminhada.

No início do percurso ficou observando as avenidas largas, as ruas arborizadas e o pequeno fluxo de carros.

Algo bem diferente da cidade natal, que já estava sob o signo do stress, da violência e do caos.

Observou também as pessoas do local, que era tipo uma “torre de babel” do regionalismo nacional, o “dialeto” local era carregado dos mais variados sotaques e expressões, algo novo para ele, até então.

Passados alguns minutos de caminhada, viu que na sua frente havia um carro aguardando a abertura do sinal para entrar na avenida principal, nesse havia duas mulheres e ambas olhavam para ele. Falavam algo e sorriam.

Ele passou pelo carro, não resistiu, e voltou.

Chegou na janela e disse:

Vocês estão sorrindo de mim ou sorrindo para mim?

A mulher que estava no banco do carona sorriu e disse:

Estamos sorrindo para você.

Ele ficou surpreso e até sem saber o que falar, ela sorriu mais uma vez e disse:

Vamos nos encontrar no Pub hoje à noite, lá pelas 21 horas, estarei te esperando.

Ele só conseguiu responder:

OK.

O sinal abriu e elas se foram.

Ele ficou meio atordoado, tipo assim: me belisca para eu saber se é verdade.

A mulher não era tão jovem, devia ter uns 40 anos, e ele tinha 23.

Ela era bonita, tinha os cabelos ondulados que chegavam até os ombros, era morena, tinha os lábios carnudos e nariz afilado, um sorriso estonteante e sardas deliciosas nos ombros.

Não viu seus olhos pois ela estava usando óculos de sol.

Por alguns momentos essa imagem tomou conta de sua mente, como que um flashback do fato há pouco ocorrido.

Ele chegou no apartamento e foi para o quarto.

Eram 18 horas e ela marcou às 21 horas.

Essa mulher está de sacanagem comigo, pensou.

Bem é sexta feira, estou de bobeira e não tenho nada para fazer.

Vou até o Pub e se não der em nada pelo menos vou conhecer o lugar e quem sabe pode até rolar alguma coisa interessante.

Ele tomou banho, escolheu a roupa, o que não foi muito fácil pois sempre há a preocupação do excesso ou escassez na formalidade do vestir, afinal havia a possibilidade de acontecer um “primeiro encontro”.

Ele colocou uma calça jeans, uma camisa de fibra com algodão, um sapato esporte. Passou o perfume preferido e partiu.

O Pub era perto de seu apartamento e ele foi caminhando.

Chegou no Pub e já havia uma quantidade razoável de pessoas.

O lugar era bem interessante com música ao vivo, poltronas com mesinhas espalhadas no ambiente e aqueles banquinhos em volta do balcão onde servem as bebidas.

Ele chegou, deu uma olhada geral e não viu a balzaquiana misteriosa.

Resolveu pedir um whisky e ficar curtindo o som do conjunto que tocava Stairway to Heaven.

Os carinhas mandam bem, pensou.

De repente, alguém tocou em seu ombro e disse:

Oi!

Ele se virou e quase caiu do banquinho.

Ela sorriu e disse:

Tudo bem?

O seu sorriso era tão mágico quanto o mundo de Oz e seus olhos eram verdes/castanhos claros/cinza, algo que reluzia como um “arco íris” contemporâneo.

Ele quase não conseguiu retribuir com um “Oi”.

Ela disse: vamos para uma mesinha?

Ele disse: claro

Ela foi andando na frente e ele atrás.

Ele ficou observando seu vestido, seu corpo e seu andar.

O vestido dela era cinza bem claro, com certo nível de transparência e seu corpo era generoso.

Ela escolheu uma mesinha e lá ficaram.

Ele a observou mais de perto, ela usava pulseiras e brincos artesanais, pouca maquiagem, somente um batom básico, unhas bem tratadas e também tinha uma pulseirinha enrolada no tornozelo que ornamentava os pés tratados em Podólogas.

O conjunto da obra era, vamos dizer, fascinante.

A conversa começou a fluir e o assunto passeava por amenidades, política, cidade, pessoas, música, cinema e sobre a vida.

Ela, em alguns momentos enquanto conversavam, mordia de leve o lábio superior e outras vezes o inferior.

Tinha uma sensualidade estonteante.

Ela bebia coquetel de frutas, ele continuou no whisky e pensava:

Essa mulher é um enigma.

O conjunto foi substituído por um carinha com um violão e agora só rolava MPB.

De repente o carinha manda:

E por falar em saudade onde anda você
Onde andam seus olhos que a gente não vê
Onde anda esse corpo
Que me deixou louco de tanto prazer
E por falar em beleza onde anda a canção
Que se ouvia na noite dos bares de então
Onde a gente ficava, onde a gente se amava
Em total solidão
Hoje eu saio na noite vazia
Numa boemia sem razão de ser
Na rotina dos bares, que apesar dos pesares,
Me trazem você
E por falar em paixão, em razão de viver,
Você bem que podia me aparecer
Nesses mesmos lugares, na noite, nos bares
Onde anda você? By Vinícius

Eles se olharam, e o brilho dos olhos denotaram o desejo da boca, O Beijo, e o beijo foi longo, intenso, doce, sensual, único.

O papo continuou, entre sorrisos e outros beijos.

Em um determinado momento, lá pelas 3 horas da manhã, ela pegou sua mão e disse:

Vamos dançar?

Ele estranhou, pois embora o Pub já estivesse bem vazio, não havia lugar para dançar, mas como ela pediu, ele se levantou e foram dançar ao som de Tigresa, by Caetano.

Ao acabar a música ela o abraçou fortemente, beijou novamente seus lábios, deu uma mordidinha suave na pontinha de sua orelha e sussurrou  :

Obrigado por essa noite incrível, vou sentir saudades.

E foi embora.

Ele se sentiu como que atropelado por um caminhão, ficou parado, atônito.

Voltou para mesa, tomou outro gole e pediu a conta.

Outra surpresa, pois o garçom lhe disse:

Senhor, a conta já foi paga.

Ele nunca mais a viu,  mas isso não importa pois simplesmente aconteceu.

Um lugar, um momento, duas pessoas, algo para se guardar e lembrar de vez enquanto.

Ah,... essas mulheres.

Seus desejos, seus segredos, seus medos, seus amores.

Há poesias e letras de músicas que transmitem situações cuja percepção é individual, pessoal, pois está diretamente ligada a vivência e experiências de cada um.

A música no link abaixo, talvez, resuma a emoção deste momento efêmero nesta pequena estória, ou seria história?

https://music.youtube.com/watch?v=8VJVnA6Kkm8&feature=share

By Brother51º

quinta-feira, 5 de agosto de 2021

Tecnologias disruptivas.

Olá pessoal, tudo bem?

Há muito não publico no blog e fatos contemporâneos, notadamente nas Terras Brasilis, são ricos em inspiração para aqueles que gostam de exercitar a escrita. Todavia, tudo que escrevemos atualmente é passível de polarizações e sinceramente acho que cansei de ficar tentando justificar o “óbvio”. Chegamos ao ponto de negar fatos e isso transcende ao bom senso. Pensando em fatos, cabe um comentário sobre as Olimpíadas onde a periferia está demonstrando que supera a miséria sem fim e é forte na resiliência, na perseverança, na coragem, na fé, na esperança.

Bem, minha narrativa de hoje trata de uma questão pessoal. Esta semana solicitei a empresa que fornece sinal de TV a Cabo, a desativação/desinstalação dos pontos de TV aqui em casa. No momento o qual estava em contato com a atendente do provedor, me veio lembranças de um momento de minha vida profissional.

O fato ocorreu em 2004 ou 2005, eu trabalhava em uma empresa de Telecom, que por interesses “sombrios” foi vendida em 2009, e começamos a avaliar um serviço a ser disponibilizado para os clientes, chamado Triplo Play. Este serviço unificava o acesso à Internet, serviços de telefonia e vídeo on demand, em um único dispositivo, o que hoje seria uma “smart TV”. Lembro que quando estávamos fazendo os testes, comentávamos sobre a possível “falência” das vídeo locadoras e as dificuldades para as empresas que forneciam sinais de TV no tocante a perda de clientes; com a implementação deste serviço, sem contar com a “descontinuidade” de toda uma cadeia produtiva e da criação de uma nova cadeia produtiva que exigia mais especializações.

Atualmente em meu celular posso: receber e enviar e-mail, assistir filmes/vídeos (Netflix, Amazon Prime, Globoplay, etc.), fazer as tratativas bancárias, comprar, vender, ver o noticiário, trabalhar, estudar, localizar, ser “induzido” ao consumo por algoritmos diversos, ser “induzido” a interpretações erradas e corretas de fatos, falar e ver qualquer pessoa em qualquer lugar, videoconferência, traçar rotas etc. O planeta ficou “reduzido” a um celular e a um acesso à Internet.

Toda inovação tecnológica, ou pelo menos a maioria, implica na descontinuidade de outras tecnologias, e atualmente em uma rapidez nunca antes vivenciada, traz o que poderíamos chamar de efeitos comportamentais que vão da depressão ao êxtase, do entendimento ao equívoco, da informação a desinformação, da valorização do “supérfluo”.

Resumidamente, o “processo” de criação ou trasnformação de uma tecnologia que irá descontinuar outra tecnologia chamamos de tecnologia disruptiva. Este “processo” é um problema? Dependendo de vários fatores, sim e na minha avaliação o maior problema é que na tecnologia disruptiva, ou na utilização desta, está sendo “embarcada” o que eu chamaria de “humanidade disruptiva” e este é o “ponto de inflexão” (parafraseando o Flávio Augusto da Silva).

Será que estamos sabendo lidar com os “efeitos” da tecnologia em nossas vidas, no nosso modo de pensar, no nosso modo de agir?

Pense nisso!

 

domingo, 7 de março de 2021

Os insights do Universo Feminino



Após algumas mudanças em nosso quintal , a Lu havia demandado para o Th do meio um "desenho" em um muro de nosso quintal e neste final de semana uma bela ilustração de São Francisco, começou a alegrar e embelezar o nosso jardim.
Mas em que momento essa ilustração começou a se concretizar?
Há alguns anos, ainda no DF, a Lu chegou em casa e viu o TH do meio olhando para uma figurinha e tentando fazer o mesmo desenho em um papel. Ela então perguntou ao Th:
- Tu gostas de ilustrações, gostas de desenhar?
Ele respondeu:
- Gosto.
A Lu conversou comigo e sugeriu que deveríamos procurar uma escola de desenho para o Tharso exercitar sua criatividade.
Ela matriculou o Tharso e com o passar do tempo, ele começou, cada vez mais, a se interessar por desenhos, inclusive participou de um projeto bem legal, no DF, chamado Picasso não pichava.
Os anos passaram, viemos para Floripa, o Th do meio se formou em design, fez pós e hoje é ilustrador. Portifólio em tharsoduarte.com.
Essa atenção, esse olhar para com o outro, essa empatia, esse insight foi o que a Lu teve em relação a percepção das habilidades do Th, ainda pequeno, o que com certeza contribuiu para o caminhar profissional e artístico do Th do meio. 
Entendo que a grande diferença entre os Universos Feminino e Masculino, seja essa, os insights que o mundo masculino não tem.
O mundo feminino tem essa coisa, essa visão holística, essa facilidade da observação, essa percepção dos detalhes.
Os TH´s não tem um pai diferente dos outros pais, mas com certeza tem uma mãe que fez e faz a diferença em suas vidas.
Para os insights do Universo Feminino, que aqui personifiquei através da Lu, um belo 08 de março de 2021.






quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

A empatia da alteridade

    Outro dia estávamos em nosso momento, que eu chamo, "reflexão existencial"; momento este que o espiritismo denomina de culto no lar.

    É aquele momento o qual tentamos alcançar alguma evolução moral, e espiritual, através da leitura dos ensinamentos do Cristo tentando "pavimentar" o nosso caminhar enquanto espíritos eternos.

    Em um dado instante de nosso estudo e em função de nossas mazelas contemporânea, eu falava da carência  de empatia diante de momentos tão tristes e difíceis, quando o Th do meio falou que eu deveria utilizar a palavra alteridade ou invés de empatia.

    Após pesquisar o significado e sinônimos de alteridade e empatia, entendo que podem até ter a mesma conotação mas há diferenças no significado das mesmas, dependendo da fonte pesquisada.

    Ao receber um post enviado pela Lu, referente a tragédia dolosa que ocorre no Amazonas , pensei em escrever algo sobre empatia e alteridade, então me veio à mente as fotos que representam momentos distintos, em épocas e em locais diferentes de nossa "aldeia global".

    Foi a melhor maneira que encontrei para definir o significado de empatia e alteridade, ou a falta de ambas.

    Pense nisso!

    #fiqueemcasa

    #AbraceAVacina