Estávamos em dezembro de 2006 e
eu já estava no saguão do Aeroporto Hercílio Luz, aguardando a chegada do voo.
Eu estava ansioso por vários motivos e o principal era:
- Como a Lu e os meninos se
adaptariam a vida em Floripa? Outra terra, outra cultura, outro clima etc. Migrar
do cerrado do DF para o litoral catarinense, deixando amigos, parentes, a casa
etc, não era algo trivial.
Não saberei descrever a
fisionomia deles quando nos encontramos no desembarque do aeroporto. Levei para
cada um dos TH’s camisetas com slogan “Bem vindos a Floripa” e para Lu rosas.
Rumamos para o apartamento novo
no Parque São Jorge após um inconveniente no aeroporto: a mala do TH mais velho
havia sido extraviada. Só recebemos a mala 45 dias depois.
Enfim, casa nova, escola nova,
novos amigos, novos vizinhos, novos sotaques e toda aquela gama de surpresas,
emoções, alegrias, tristezas, saudades, decepções, conquistas etc, que permeiam
nossas vidas, com o “agravante” da mudança geográfica.
Pensando em dar um incentivo aos
Th’s, fomos fazer aulas de surf na Barra da Lagoa. Foi muito legal fazer aulas
com os meninos. Pensei que eles iriam se envolver com a prancha, o mar, mas não
rolou. Fizeram as aulas e somente o TH mais velho ainda tem uma prancha, que eu
comprei do meu bruxo Cezar, o paulista que acha que é gaúcho.
Passado algum tempo ainda fiz
aulas de Wind e de bodyboarding. Em uma das aulas de wind, na Lagoa, a vela
caiu e eu fiquei embaixo dela. Imaginem a cena.
Passados 14 anos, estamos
adaptados na soleira do Atlântico Sul, no meu querido Pântano do Sul, um lugar
que chamo de “meu”, uma pretensão de um carioca que um dia foi gaúcho, outro
dia foi candango e atualmente é um “manezinho”. Amanhã, quem sabe o que será ?
Bem, hoje depois de meu passeio
matinal com minha querida Nala, e meu café da manhã, claro, peguei minha
pranchinha de boby, meu pé de pato e fui relembrar as aulinhas que fiz na praia
Brava.
O mar estava relativamente
tranquilo, ondinhas de 0,5 a 1 metro, período das ondas de 5 segundos, água 25
graus e vento sul. Fiquei ao lado da galera que faz aula de surf e tomei muita “porrada”
das ondas. Para atravessar a arrebentação estava aquela dificuldade,
principalmente para quem tem 62 anos, pino no ombro esquerdo, placa no pé direito e não
pratica o esporte há uma data. Enfim, foi muito legal. Em um determinado
momento, uma menininha conseguiu pegar uma onda com sua pranchinha e eu estava “lutando”
na arrebentação. Eu olhei para ela, ela sorriu, estava super feliz pois
conseguiu dropar a onda.
O surf é um esporte mágico, a
busca perene da onda perfeita e quando ela chega e o surfista consegue “domá-la”,
como se doma um cavalo chucro, aqueles 5, 10, 20, 30 segundos, deslizando na onda, são de êxtase, de
equilíbrio, de harmonia com a natureza.
Penso em fazer aulas de surf de
novo, afinal o mar está todos os dias a nos convidar para o desafio do drop,
enquanto isso vamos na pranchinha de body que também me permite momentos de êxtase,
quando consigo pegar uma ondinha.