domingo, 20 de dezembro de 2020
Como será o amanhã?
terça-feira, 13 de outubro de 2020
Rabiscando os 63.
Quando fiz cinquenta anos,
rabisquei umas frases intituladas: Um novo Cinquentar.
Quando fiz sessenta anos,
rabisquei outras frases intituladas: E se você descobrisse que morreria na
semana que vem, o que farias?
Neste embalo, iria rabiscar
outras frases aos setenta anos, mas a ressignificação oferecida pela Pandemia
me fez, também, rabiscar os 63.
O momento atual se tornou “fértil”
para as mais variadas "crises" existenciais, que oscilam entre pessimismos,
otimismos e até indiferenças, e dependem de uma quantidade enorme de variáveis
que deixaram de atender nossas expectativas e novas variáveis que nos desafiam
ao reaprender fomentado pelas exceções, entendendo a palavra como : desvio
de um padrão estabelecido, rompimento do que se considera normal.
Nas terras tupiniquins, pensando em políticas públicas, a Pandemia teve “conotações” das mais diversificadas, surpreendentes e irresponsáveis, possíveis; e aqui não irei mencionar os devaneios do governo federal que extrapolaram, o que resumirei bondosamente, em : inexistência de bom senso, ou seja, falta de equilíbrio nas decisões ou no julgamento em cada situação que se apresenta.
Desde março, sonhos não foram realizados, projetos foram interrompidos, negócios foram cancelados, empregos foram perdidos, o stress profissional migrou para o lar, ratificamos o convívio como nosso maior desafio, vidas "anteciparam" suas mortes, o virtual se fez onipresente, o recomeçar se fez desafiador, o início ficou bem mais difícil.
Desde março, somos testemunhas e/ou atores de belas ações de solidariedade, de mobilizações para ajudar aos mais carentes e vulneráveis, de uma demonstração universal do profissionalismo e dedicação dos trabalhadores da saúde frente a Pandemia.
Desde março o CH3CH20H e suas nuances tornaram-se nosso aroma predileto e a máscara, das mais variadas "versões", tornou-se item obrigatório de nosso vestuário.
Desde março, os defensores e praticantes do modelo liberal mundial estão "aprendendo" que saúde, assistência social e educação, notadamente, não "sobrevivem" sem ajuda e ações daqueles que governam, independente de frágeis ideologias.
Desde março, somos personagens de uma possível ficção, do grande Saramago, na vida real.
No vivenciar dessas situações e respectivas consequências, o que mais me surpreende, diante
da Pandemia, é o comportamental humano no tocante ao que eu chamaria de: a
dicotomia do ser.
Uma parte da população assimilou
a necessidade de uma visão holística do mundo, o olhar para com o outro, a
solidariedade, a compaixão, a doação. A certeza de que o “eu” sem “você”, nos
remete a um mundo efêmero, sem perspectivas, sem evolução, sem sentido.
Outra parte da população acredita
que a terra é plana, uma 460 S&W Magnum nos livra de todo o mau/mal, a
Pandemia é um resfriado, usar máscaras é para os fracos etc. A certeza de que o
“eu” sem “você”, nos remete a um mundo perene, seguro, soberano, evoluído,
perfeito.
E uma outra parte não concorda e
nem discorda, muito pelo contrário, o importante é o que interessa, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.
Independente de posicionamentos
tão paradoxos, a Pandemia nos obrigou a encarar nossas incoerências, nossa
“teogonia” (pensando na criação do universo), nossa relação com a solidão,
nossa unicidade, nossos anjos e nossos demônios, nosso “equilíbrio” entre o
desejo e a necessidade. Com a chave na mão queremos abrir a porta, mas depois
da porta só há incertezas.
Diante deste contexto, como
seremos/estaremos na “pós” Pandemia? Sinceramente não arrisco palpites. Diante
de algumas evidências e informações, prazos de validação, produção, insumos,
logística etc., provavelmente teremos uma opção de vacina mais abrangente nos
meses de abril, maio de 2021 e no futuro deveremos ter um combo
HIN1&COVID19, ou algo similar, anualmente. Ainda estaremos embalados pelo
vírus nos próximos 7, 8 ou 9 meses e até lá muitas surpresas poderão nos impor antigos
e novos desafios.
Com certeza toda esta "angústia" passará, e restará a cada um de nós algo a "ressignificar" em nossas vidas, ou não. Enfim, o que
eu aprendi nesses tempos de Pandemia aos 63 anos? Sem ser piegas, confesso: estou aprendendo a
falar com Deus.
https://www.youtube.com/watch?v=jRY0O7t_Bpc
domingo, 16 de agosto de 2020
A "Influencer" Guerreira da Idade Média.
A Lu estava em um evento virtual,
aliás entendo eventos virtuais como: “Eventos onipresentes contemporâneos”, e em
função do tema abordado sugeriu assistirmos um filme sobre a vida de Joana d’Arc.
A história da guerreira santa é
bem conhecida pela grande maioria e eu já havia visto algumas películas sobre
sua vida, mas pensei:
- Por que não rever a história da
Joana?
Comecei a procurar no “Oráculo”
um filme sobre a guerreira e achei um filme francês produzido em 1999: The
Messenger: The Story of Joan of Arc.
Falar de temas que envolvem
religiões, poderes, fé, crenças, santas, guerras etc quase sempre implica em
criar polêmicas, mas como o filme inundou minha mente de reflexões,
inquietações e lucubrações, vou arriscar, ressaltando que minhas divagações são
baseadas no filme e podem não corresponder a realidade dos fatos ocorridos na
época.
O filme começa em 1420, na época da
longa treta entre ingleses e franceses, algo tipo palestinos e judeus, que
rolou durante 100 anos. Joana estava com oito anos e já tinha os insights
celestiais pouco comuns aos “mortais”. Em um ataque desferido pelos ingleses a
sua vila, Joana perde sua irmã de forma brutal e a partir deste momento sua
relação com a vida terrena e espiritual muda de forma radical.
Joana começa a viver em “transe”
entre o céu e a terra, entre visões e chamamentos, iniciando sua missão inspirada
na libertação de seu povo oprimido, em função da relação de poder reinante na
época, ou seja: Povo, Igreja e Monarquia.
Joana lidera o exército francês,
e por acaso, destino ou desígnios divinos, mesmo muito jovem, inspira homens rudes
ao ideal patriótico, alcançando vitórias em batalhas sangrentas. Com certeza
nesta época éramos um pouco mais “bárbaros”.
Independente da trajetória de
nossa heroína, durante a película, o que mais me instigou a reflexão foi seu
momento derradeiro, período o qual passou no cárcere à espera da morte. Seu
diálogo seria introspectivo ou com seu “inquisitor” celestial?
Este momento me lembrou o filme A
Paixão de Cristo, dirigido por Mel Gibson, quando o emissário das trevas ficava
“enchendo o saco” de Jesus, em seus momentos de sofrimento, tentando induzi-lo a
questionamentos e dúvidas existenciais. Afinal, profetas e santos são humanos
enquanto encarnados.
Na solidão do cárcere a guerreira
santa põe em dúvida sua motivação divina. Afinal o quanto suas “fraquezas” humanas:
orgulho, vaidade, raiva, dor se confundiam com sua fé, sua santidade, suas
verdades? Seria ela uma mensageira santa ou uma guerreira vingativa?
Joana morreu na fogueira aos
dezenove anos, por vingança de um monarca inglês orgulhoso, vaidoso e cruel,
por omissão de um monarca francês desprezível e covarde, pela hipocrisia de uma
igreja que a condenou e depois a canonizou, mas absolvida por sua consciência
ou por seu “inquisitor” divino.
Independente de sua santidade,
Joana inspirou seu povo a acreditar, a ter esperança, a lutar para resgatar
aquilo que era seu de direito. Foi uma “influencer” de seu tempo e sofreu as
consequências de sua ousadia em desejar um mundo justo e fraterno para todos.
sábado, 25 de julho de 2020
“THIS IS US” OR WOULD IT BE “WHO ARE WE”
Há alguns dias, o TH do meio e a Aline
estavam nos visitando e entre um papo e outro ele me disse:
- Você já viu THIS IS US?
Respondi:
- Não
Então ele fez uma breve abordagem
sobre a série e disse que eu iria gostar.
Bem, passaram alguns dias eu e a
Lu começamos a assistir a série no Prime vídeo Amazon. Já assistimos várias
séries nos mais diversos aplicativos e até então a que mais havia nos “envolvido”
tinha sido Breaking Bad, mas TIHS IS US é algo mágico.
A série é muito bem escrita, com
diálogos envolventes e apresentada em uma sequência entre o presente e o
passado, visando e entendimento do que eu chamaria de: “o comportamental humano”
na família e fora da mesma. Aliás a Pandemia está nos propiciando um belo
laboratório existencial do tema.
O que me impressiona na séria é a
maneira na qual são abordados temas como: racismo, dependência química, sexualidade,
adoção, criação, relacionamento entre os casais etc.
Interessante ver na ficção o
quanto as relações humanas influenciam nossa maneira de ser, o quanto uma
pessoa pode ter influenciado na sua vida, e você na dela, sem terem nenhuma
consciência dessa influência. O quanto nossas atitudes, o quanto o que foi dito
e o que não foi dito, o quanto nossas mentiras e nossas verdades podem
influenciar positivamente ou negativamente na vida do outro.
Interessante ver na ficção o
quanto somos responsáveis pelo sucesso ou fracasso de nossa vida conjugal. Creio
que toda “mulher” procura um Jack e todo “homem” procura uma Rebbeca, para um
relacionamento que não permita o tédio da mesmice do cotidiano, que perpetue o
tesão do primeiro encontro, que mantenha a amizade que fortalece a união e o
auxílio incondicional nos momentos difíceis.
Interessante ver na ficção como
nossos filhos adotam nossos exemplos, nossas atitudes ou nossos gestos; que podem
eternizar, neles, frustações, medos, incertezas ou determinação, segurança,
certezas.
Enfim, THIS IS US me proporciona
reflexões inimagináveis em minha “envelhescência”, algo que a sétima arte nos oferece
de maneira brilhante.
Vale conferir!
sábado, 20 de junho de 2020
Todo tempo tem seu momento
O leite farto nos seios materno
A fonética engraçada das primeiras palavras
Um tudo tocar, um tudo sentir, um tudo saborear
Cada momento um redescobrir
Cada tempo um novo caminhar
O cão vagando pela rua
O sabor da água da chuva
O cheiro da terra molhada
Gente em movimento
Um querer constante, um querer querendo
Cada tempo um novo caminhar
A sala de aula, a professora querida
O amiguinho, a amiguinha
Brinquedos e brincadeiras
Um mundo lúdico a desafiar
Cada tempo um novo caminhar
A bola de gude, o pião
A pelada ao entardecer
O pique esconde
Pera, uva ou maçã?
O primeiro "eterno" amor
Cada tempo um novo caminhar
Espinhas, cheiros e pelos
Hormônios a inquietar
Um desafinar entre graves e agudos
Um dormir ansioso, um despertar preguiçoso
O cabelo, a calça, a camiseta, o tênis
O ensino médio, a Academia para se empregar
Cada tempo um novo caminhar
Cada tempo um novo caminhar
sábado, 9 de maio de 2020
“Se você quer estar com alguém a quem ama, já não está lá?” Richard Bach
Entendo que O Pequeno Príncipe está para Exupéry assim como Fernão Capelo Gaivota está para Richard Back. Leituras que nos levam a belas reflexões, como o momento atual.
Independente do "gerar outro corpo", em outros relacionamentos, o primeiro “companheiro” não experiencia as emoções do feto no ventre, mas realiza igualmente a sublime tarefa de nos conduzir a “compreender as coisas que são”. Afinal "O laço que nos une não é o de sangue, mas sim o de amor e respeito da vida de um para com o outro'". Algo que nos foi ensinado, e infelizmente ainda não assimilado, há 2020 anos.
Enfim, para minha mãe, para a Lu e para todas as mães, neste momento tão “genuíno” de nossa existência, segue uma mensagem adaptada de um texto, do belo e emocionante livro do Richard Back.
quinta-feira, 30 de abril de 2020
1º de Maio de 2020
sábado, 4 de abril de 2020
Ensinamentos
Somos predadores por excelência, ou éramos?
Creio que ainda somos, mas de um modo mais "silencioso", mais egoísta, mais cômodo.
A sacola plástica, as hastes flexíveis, as garrafas pet, as construções ilegais e por aí vai. Nossa contribuição perene para destruição de Rios, Mares, Florestas, do planeta.
Antes, dizimávamos tribos, culturas, crenças; a relação cruel do colonizador para com o colonizado, em nome do mundo "civilizado", em nome de Deus.
Hoje, embalados por algoritmos, por "mensagens" subliminares e pelo modelo econômico dominante, consumimos, consumimos e consumimos; jogando na natureza aquilo que se tornou "obsoleto".
Nesse ritmo, permanecemos em nossa linha de conforto, praticando o que condenamos na teoria, no discurso.
Mas por acaso, por destino ou por desígnios de Deus, a repetição é proposital, surge o vírus, o Cavaleiro do Apocalipse do mundo contemporâneo, nos mostrando que somos todos iguais perante sua "crueldade".
Agora o Mundo Globalizado, além da tecnologia, dos produtos com valor agregado, das commodities etc, também nos oferece um vírus para consumo.
Diante deste fato além do "de onde viemos" e do "para onde vamos", surge um novo questionamento existencial: porque o vírus?
O mundo sempre conviveu e disseminou epidemias:gripes, varíola, sarampo, catapora etc e talvez em todas essa circunstâncias de "flagelo" humano, tenham ocorrido várias reflexões em relação ao comportamental, ao "ser" humano e que com certeza se dissiparam após um 31 de dezembro qualquer.
Nosso Cavaleiro, nos impõe ou nos pune com o isolamento e com o medo, nos levando ao "E agora José, com a chave na mão quer abrir a porta, mas não existe porta" do grande Drummond ( tenho certeza que poetas são "intuídos").
Nosso Cavaleiro, nos oferece o exercício do amor, da paciência, da doação, da benevolência, da caridade, da perseverança, da fé, nos oferece a oportunidade de sermos Humanos, diante de sua espada.
Nosso Cavaleiro nos oferece a oportunidade de realizar " A dificílima dangerosíssima viagem, de si a si mesmo: Pôr o pé no chão do seu coração, experimentar, colonizar, civilizar, humanizar o homem, descobrindo em suas próprias inexploradas entranhas a perene insuspeitada Alegria de con-viver" outra "intuição" de Drummond.
Enfim, estamos diante de nossos medos, de nossos espelhos, de nossas verdades e de nossas mentiras.
Estamos diante da efemeridade de nossas existências onde a morte é nossa certeza inexorável.
Nos cabe, quem sabe, aproveitar os ensinamentos traduzidos em versos, em atitudes e em metáforas , "arrumar a casa", praticando a contrapartida para o acolhimento que nossa mãe natureza nos oferece.
Nos cabe o reaprender a ouvir, a se colocar no lugar do outro.
" Se eu pudesse deixar algum presente à você, deixaria aceso o sentimento de amar a vida dos seres humanos. A consciência de aprender tudo o que foi ensinado pelo tempo afora. Lembraria os erros que foram cometidos para que não mais se repetissem. A capacidade de escolher novos rumos. Deixaria a você, se pudesse, o respeito aquilo que é indispensável. Além do pão, o trabalho, Além do trabalho , a ação. E quando tudo mais nos faltasse, um segredo: o de buscar no interior de si mesmo a resposta e a força para encontrar a saída." Mahatma Gandhi.
#fiqueemcasa.
sexta-feira, 6 de março de 2020
Ana, Luíza e Beatriz
Em algum momento, de um oito de março, em um ano qualquer.
Difusa, como que sem rumo
Um tanto quanto sozinha
Pensando dominar seu destino
Desafiou o mundo
Perdeu seu caminho
Alegre e obtusa
Se fez criança
Obediente e pura
No clamor do corpo, se fez "prazer"
Mulher, se fez Beatriz
Feiticeira, sensual e segura
Pronta para "briga"
Nem sempre se ganha
Nem sempre feliz
Uma hora, um minuto
Perda de tempo, será?
Que nada, é preciso dissimular
Na tristeza, na alegria, no amor
Fingir! Se necessário for
Colocou seu tesouro na mochila, saiu pela vida
E até experimentou umas viagens nos baseados das esquinas
Fez muitas coisas, estudou , se formou e até foi atriz
Ela não tem ódio no coração
Ela espalha serenidade e maturidade
Mas não deixou de ser menina e meiga
Ela transborda uma beleza peculiar
A tonalidade certa do batom, do esmalte e do blush
Ela inventou seu momento e seu lugar
Mulheres sozinhas? As vezes não
Talvez um momento
Ou quem sabe tesão
Um orgasmo contido, o orgulho ferido
O Macho querido
Aonde está o amigo?
Um beijo, um carinho
Um afago, um abraço
Será solidão, ou apenas cansaço
Coração de vidro, virou estilhaço
Solidão que sonha, que espera e seduz
Uma mulher que vive e que acontece