Nesta sexta, fui pegar o Th do meio na rodoviária
para curtirmos o final de semana e para realização de nossa confraternização
mensal.
Ao entrar no carro ele disse:
- sabe quem morreu
Eu respondi:
- o Chaves
Ele complementou:
- eu fiquei emocionado e cheguei a chorar
Eu confessei :
- eu também.
Na década de 90, morávamos no quadradinho do
cerrado, eu pegava os meninos na escola para almoçarmos em casa todo dia.
Os meninos, principalmente o Th do meio, almoçavam
rapidinho para ver o Chaves e sua trupe.
Bem, o que podemos falar do Chaves e seus vizinhos,
ou melhor, o que aprendemos com essa galera.
Chaves era o menino de rua, sem família, sem
moradia, e seu refúgio, seu lugar de introspecção quando se sentia triste ou
desamparado era um barril.
Chiquinha era a filha de seu Madruga, não tinha
mãe, a melhor amiga do Chaves e o
chamava de Chavinho.
Quico era o menino mimado, filhinho da mamãe dona
Florinda e não tinha pai.
Professor Girafales e primeiro mestre da galera e
apaixonado por dona Florinda.
O dono do pedaço, ou melhor das casinhas do
lugarejo era o seu Barriga, outra grande figura.
E também ‘tinha a bruxa do 71, dona Clotilde.
Quase ia esquecendo, tinha também a Popis e Nhonho.
Haviam outras personagens, que participavam bem
menos das tramas diárias.
Os episódios de chaves e seus vizinhos, a cada dia,
nos traziam novos aprendizados.
Havia o egoísmo do Quico, as birras da Chiquinha,
as travessuras do Chaves, o mal humor de seu Madruga e dona Florinda, a bondade
de seu Barriga.
Baseado nessas características pessoais as tramas
eram elaboradas, e todas buscavam nos mostrar alguma situação de conflito nas
relações, onde no final havia uma mensagem de bondade, perdão, doação e
sinceridade.
Chaves usava algumas frases que nos levavam à
alguma reflexão:
- Foi sem querer querendo.
- Ninguém tem paciência comigo.
- A vingança nunca é plena, mata a alma e envenena.
- Prefiro morrer do que perder a vida.
Além do Chaves, também curtíamos o grande Chapolin Colorado
com a famoso “Sigam-me os bons”.
Chapolin era um herói diferente pois sua arma mais
poderosa era a grandeza de seu coração, sua ingenuidade, sua personalidade.
Infelizmente não temos mais tramas com personagens
tão queridas e que nos ensinavam, adultos e crianças, que a vida pode ser bela
e honesta mesmo sem ter uma mesa farta e sem a apologia do consumo perene.
Ainda bem que meus filhos viam e aprendiam com
Chaves e Chapolin os valores esquecidos no mundo contemporâneo.
Chaves e Chapolin morreram, mais não perderam a
vida, pois se eternizaram em nossas mentes e em nossos corações.