quinta-feira, 30 de abril de 2020

1º de Maio de 2020



Estávamos no momento “chá das 17h” que na versão tupiniquim é café e a Lu me mostrou um texto bem legal, que foi replicado virtualmente sem autoria e cujo tema é o mês de abril e começa assim:

Quase findando ABRIL
Um ABRIL que não abriu....

Comecei então a pensar sobre o fim de abril e me veio naturalmente o início de maio, o 1º de Maio, o dia do Trabalho, o dia do Trabalhador, um dia que começou a ser eternizado a partir do fim do século XIX, com vários fatos que ocorreram no mundo, que implicaram em mortes de trabalhadores devido a protestos e passeatas reivindicando, basicamente, cargas horárias de 8h/dia e não mais as 15, 16 ou 17 horas de “escravidão remunerada”. Ressaltando que na China o papo, sempre, foi outro.
Iniciei minha vida profissional em 1975 e até o fim do século XX, participei de várias passeatas, greves e outras manifestações, visando melhores condições de trabalho, ganhos salariais etc. Na década de 80, depois de uma divisão “política ideológica” surgiram CUT e CGT, as grandes centrais sindicais (qualquer semelhança das centrais sindicais com tendências ideológicas de esquerda e de direita, não é mera coincidência). Uma época, eminentemente, “analógica” e na minha opinião bem mais criativa, mais poética, mais romântica.
O mundo se transformou ou nos transformou e nós transformamos o mundo, em todos os sentidos, rapidamente, dinamicamente nos últimos 20 anos e nossas relações, em todos os sentidos, passou por um “upgrade” comportamental notadamente no tocante ao que podemos ou poderíamos chamar de relação de trabalho e relação de emprego. Antigas profissões não mais existem, outras rapidamente deixarão de existir e novas profissões surgem sistematicamente. Com essa efemeridade profissional vieram as alterações na legislação visando atender ao modelo econômico vigente.   
Além de toda essa mudança radical, veio a Pandemia e o que era pouco certo ficou muito duvidoso, pensando em “vínculo empregatício” e em empreendedorismo ( acho bem intrigante/preocupante essa corrente empreendedora) , principalmente nas terras tupiniquins cujo chefe do poder executivo é irracional, sendo este, na minha opinião, o adjetivo que melhor o qualifica.
Infelizmente, pensando no 1º de Maio de 2020, teremos pouco ou nada a comemorar e um dos grandes desafios contemporâneos será a redefinição ou adequação ou adaptação da relação trabalho & trabalhador dentro de um modelo econômico que urge ressignificar.
Neste 1º de Maio de 2020, minhas reverências aos profissionais da saúde, da segurança pública, da limpeza urbana, dos mercados, da agricultura, do transporte enfim todos aqueles que se expõem visando garantir nossa resiliência diante da Pandemia.
Neste 1º de Maio de 2020, minhas reverências aqueles que se dedicam ao auxílio, em todos os sentidos, as populações de vulnerabilidade social, a população de rua etc.
Neste 1º de Maio de 2020, minha solidariedade aqueles que estão tendo seus contratos de trabalho suspensos, aqueles que perderam seus empregos, aqueles que perderam a condição de garantir o sustento, aqueles que não podem mais vender o almoço para comprar o jantar.
Neste 1º de Maio de 2020, que o Pai nos conceda um amanhã melhor que o hoje, que a esperança embale a certeza de que iremos superar e que a cura e o auxilio irão chegar.
Neste 1º de Maio  de 2020, segue um link de uma canção que marcou uma época, que fala de trabalho, de esperança, de amizade e de oração.


"Gente de mano caliente
Por eso de la amistad
Con um lloro para llozarlo
Con um rezo para rezar
Con un horizonte abierto
Que siemore esta más alla
Y esa fuerza pa buscarlo
Con tezón y voluntad
Cuando parece más cerca
Es cuando se aleja más
Yo tengo tantos hermanos
Que no los puedo contar" Athaualpa Yupanqui

sábado, 4 de abril de 2020

Ensinamentos


Somos predadores por excelência, ou éramos?
Creio que ainda somos, mas de um modo mais "silencioso", mais egoísta, mais cômodo.
A sacola plástica, as hastes flexíveis, as garrafas pet, as construções ilegais e por aí vai. Nossa contribuição perene para destruição de Rios, Mares, Florestas, do planeta.
Antes, dizimávamos tribos, culturas, crenças; a relação cruel do colonizador para com o colonizado, em nome do mundo "civilizado", em nome de Deus.
Hoje, embalados por algoritmos, por "mensagens" subliminares e pelo modelo econômico dominante, consumimos, consumimos e consumimos; jogando na natureza aquilo que se tornou "obsoleto".
Nesse ritmo, permanecemos em nossa linha de conforto, praticando o que condenamos na teoria, no discurso.
Mas por acaso, por destino ou por desígnios de Deus, a repetição é proposital, surge o vírus, o Cavaleiro do Apocalipse do mundo contemporâneo, nos mostrando que somos todos iguais perante sua "crueldade".
Agora o Mundo Globalizado, além da tecnologia, dos produtos com valor agregado, das commodities etc, também nos oferece um vírus para consumo.
Diante deste fato além do "de onde viemos" e do "para onde vamos", surge um novo questionamento existencial: porque o vírus? 
O mundo sempre conviveu e disseminou epidemias:gripes, varíola, sarampo, catapora etc e talvez em todas essa circunstâncias de "flagelo" humano, tenham ocorrido várias reflexões em relação ao comportamental, ao "ser" humano e que com certeza se dissiparam após um 31 de dezembro qualquer.
Nosso Cavaleiro, nos impõe ou nos pune com o isolamento e com o medo, nos levando ao "E agora José, com a chave na mão quer abrir a porta, mas não existe porta" do grande Drummond ( tenho certeza que poetas são "intuídos").
Nosso Cavaleiro, nos oferece o exercício do amor, da paciência, da doação, da benevolência, da caridade, da perseverança, da fé, nos oferece a oportunidade de sermos Humanos, diante de sua espada.
Nosso Cavaleiro nos oferece a oportunidade de realizar " A dificílima dangerosíssima viagem, de si a si mesmo: Pôr o pé no chão do seu coração, experimentar, colonizar, civilizar, humanizar o homem, descobrindo em suas próprias inexploradas entranhas a perene insuspeitada Alegria de con-viver" outra "intuição" de Drummond.
Enfim, estamos diante de nossos medos, de nossos espelhos, de nossas verdades e de nossas mentiras.
Estamos diante da efemeridade de nossas existências onde a morte é nossa certeza inexorável.
Nos cabe, quem sabe, aproveitar os ensinamentos traduzidos em versos, em atitudes e em metáforas , "arrumar a casa", praticando a contrapartida para o acolhimento que nossa mãe natureza nos oferece.
Nos cabe o reaprender a ouvir, a se colocar no lugar do outro.
" Se eu pudesse deixar algum presente à você, deixaria aceso o sentimento de amar a vida dos seres humanos. A consciência de aprender tudo o que foi ensinado pelo tempo afora. Lembraria os erros que foram cometidos para que não mais se repetissem. A capacidade de escolher novos rumos. Deixaria a você, se pudesse, o respeito aquilo que é indispensável. Além do pão, o trabalho, Além do trabalho , a ação. E quando tudo mais nos faltasse, um segredo: o de buscar no interior de si mesmo a resposta e a força para encontrar a saída." Mahatma Gandhi.

#fiqueemcasa.