Até a penúltima década do século XX, os profissionais de
Telecom tinham uma visão “operacional” da Rede, ou seja, a gerência tratava
basicamente de eventos de falha e era feita uma “insipiente” análise de
desempenho.
Para não ferir egos e vaidades, digo que era “insipiente”
porque a mesma era baseada em relatórios com eventos ocorridos há algum tempo.
Algum dinossauro em Telecom, que leia meus rabiscos, deve lembrar das famosas
reuniões mensais com a Embratel.
No final dos anos noventa e mais fortemente a partir do início
do século XXI, nós profissionais de tecnologia, passamos a conviver, além da
convergência das redes, com termos até então pouco conhecidos ou assimilados:
indicadores, metas, análise de desempenho, redundância, contingência,
segurança, resiliência, mitigação, gerência de rede, gerência do serviço, gerência
do negócio, sua excelência o cliente, etc.
Atualmente, podemos dizer que o UP TO DATE tecnológico nos
convida a novas terminologias, conceitos e tecnologias: Cloud, Virtualização,
IoT, AI, Indústria Inteligente, Smart Grid, Smart Meetering, etc.
Vivemos no mundo da tecnologia disruptiva, da Biotecnologia,
da virtualidade, onde cada vez mais são desenvolvidos algoritmos que visam permitir
à Inteligência Artificial se transformar em um “Ser” criado por “osmose”, códigos,
bits e chip’s.
Enfim, vivemos em um momento de profundas mudanças, novas
perspectivas e muitas incertezas, pois cada vez mais “o futuro é uma astronave
que não conhecemos e que tentamos pilotar” (plagiando e pegando carona na bela
canção do Toquinho).
Vocês devem estar pensando:
- Onde esse cara quer chegar?
Vamos lá, Segurança X Contingência X Resiliência é a tríade
básica de sustentação para qualquer serviço, ou prestação de serviço,
notadamente aqueles cujos riscos são elevados pois implicam em perda de
continuidade com consequências graves, ou perda de vidas. Nos últimos dias
tivemos: Brumadinho, Ninho do Urubu e hoje a Supervia no RJ.
Pelo que foi divulgado na mídia, nas três ocorrências a “tríade”
básica não foi contemplada; seja por incompetência, irresponsabilidade,
corrupção ou omissão dos provedores do serviço, das empresas e do estado. Cabe
ressaltar que implementar a “tríade” envolve pessoas, treinamento, sistemas,
procedimentos e custos.
Segundo o Grande Gilson, um cara que conhece tudo de Gerência
de Redes, no caso da Supervia é possível que o alarme não tenha subido ou a
parametrização estava com o tempo muito longo. Um diagnóstico distante do
entendimento comum.
Em Brumadinho, no Ninho do Urubu e na Supervia a não
preocupação com o básico de gerência se traduziu em tristeza, angústia, sofrimento,
desespero e morte.
Hoje assistimos em “real time” a luta incansável dos
bombeiros para salvar Rodrigo, o condutor. Depois de quase oito longas horas
Rodrigo foi resgatado, mas a resiliência humana, além de “algoritmos”
biológicos, depende de outros “algoritmos” que alguns chamam de acaso, outros
de destino e outros de desígnios do Pai. Foi um desfecho triste e solidário
para uma ação tão nobre de tantos profissionais bombeiros.
Nas terras tupiniquins, tanto a Gestão privada quanto a
Gestão pública, nas suas respectivas competências, não conseguem, no mundo da Virtualidade,
da Cloud, da Biotecnologia, da Inteligência Artificial etc. aplicar os
conceitos básicos para gerenciar infraestruturas e, por conseguinte, a
prestação de serviços.
Diante desses fatos, infelizmente, parece que vivemos a era
da gestão empresarial “disruptiva” que “patrocina” os poderes públicos cuja
melhor definição de gestão é: promíscua.