segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Simplesmente Amora

Estávamos as vésperas da mudança para a casa. O Th do meio chegou em casa falando :
- a cadela do sogro do porteiro deu cria e ele está doando.
Como íamos para uma casa e a Frida é pequenina, eu e a Lu concordamos em adotar um filhote de maior porte . A Lu para variar determinou:
- tem que ser fêmea.
Lembro do dia que pegamos Amora. Era linda, foi amor a primeira vista  e ela  já demonstrava que ia dar trabalho.
Amora cresceu fazendo aquele monte de merda que cachorro levado faz :
- roia tudo, do para lama do carro aos pés das cadeiras
- destruiu uma parte do jardim
- detonou as bromélias
E por aí foi. Cresceu bastante e por questões de gênero e idade quase matou a pequena Frida umas quatro vezes.
A Lu sempre falava para Amora:
- você não pode brigar com a “rimã” (leia como está escrito), o teu nome é Amora, de amorosa. Dá beijo na mãe, dá beijo; e Amora dava aquela lambida básica no rosto da Lu.
Aqui no Pântano, Amora era minha parceira de caminhada e as vezes dava um trabalho danado pois queria  pegar as corujas e os quero-queros.
Um dia fui pegar Amora no PET,  a atendente ao trazê-la abaixou para pegar alguma coisa que não lembro então Amora deu-lhe uma lambida do queixo até a testa; rimos bastante.
Amora caçou passarinhos, pegou gambá, escondia osso, "odiava" carteiros, motos e o pessoal da limpeza urbana.
Amora gostava de banana, maçã, jabuticaba e acerola.
Amora para mim era Morita
Amora era agitada e calma, brava e dócil, obediente e levada.
No dia 19 de outubro levamos Amora para castrar, pois não queríamos que ela tivesse câncer ou uma gravidez “indesejada”, pois não teríamos como ficar com possíveis filhotes e com certeza não iríamos abandonar os pequeninos.
Amora operou e foi para casa no dia 20. Recuperou bem e parecia já estar quase totalmente recuperada da cirurgia. No dia 23 às 1h43 ouvimos um uivo visceral e depois outro, a Lu levantou e foi ver Amora, ela estava paralisada e atônita no jardim, enquanto a Lu me chamava, Amora deitou na grama e percebemos seu vomito no chão. Pegamos Amora , forramos o chão da garagem com uns panos e colocamos Amora neles. Amora estava com o olhar triste e respirava um pouco ofegante. Liguei para o veterinário ele fez algumas perguntas e acertamos que as 08h eu levaria Amora na clínica.
Ficamos com Amora por alguns minutos ela parecia bem e voltamos a dormir às 3h. A Lu levantou as sete e trinta e foi ver Amora, ela estava caída, inerte . Havia morrido.
Levei  Amora na clínica, após a autopsia o veterinário me chamou e me mostrou o que foi verificado ; ele me mostrou uma perfuração entre o estômago e intestino e seu pâncreas. Segundo ele, estava maior que o normal, na região da operação parecia tudo normal.
O veterinário ficou de enviar o que foi coletado para laboratório para tentar descobrir o que realmente aconteceu.
Fiquei alguns momentos olhando para Amora e foi muito triste vê-la naquele estado.
Bem, Amora se foi, foram quatro anos de convívio, guardaremos Amora em um cantinho amoroso de nossos corações e com a alegria que ela bondosamente nos presenteava todos os dias.
Afinal todos os cães merecem o céu.