sábado, 28 de julho de 2012

Jorge Amado, Shakespeare e Nelson Rodrigues


Atualmente estou professor, com exceção das segundas, até as 22:30h e nas últimas semanas, confesso, retorno ao lar pensando em assistir novela, mas precisamente “Gabriela”.
Algo que considero merecedor de público.
O belo romance de Jorge Amado, “remasterizado” by telinha, oferece interpretações brilhantes, de novos e conhecidos artistas, em situações existenciais dignas de reflexão e cuja abordagem engloba questões culturais, sociais e econômicas da época e que são retratadas de forma brilhante.
Lembrando dos capítulos semanal, me veio : 
01 – Moral estranha :
As damas, enquanto esposas do poder, são merecedoras de respeito e reverência sob a batuta da  ditadura dos coronéis cuja “constituição” feminina era fundamentada por  um direito e um dever :
Direito – submissão sem opinião e sem prazeres “mundanos”
Dever – meu “marido” é meu pastor e nada lhe faltará.
“Você se rendeu aos “encantos” de seu noivo, que a seduziu e a possuiu irracionalmente. Um momento animal onde a mulher foi apenas um depósito de esperma. À mulher resta apenas as portas do Bataclan, onde ao menos a comida e o abrigo se faziam presentes e cujo pagamento era provido pelo ato de abrir as pernas.”
02 – Amores proibidos.
Os coronéis eram detentores da vontade da prole feminina e as belas donzelas eram “jogadas” aos braços dos interesses e conveniências político-familiares.
03 – Poesia e prazer
O professor poeta teve três “belos motivos” para trair o amor platônico e se entregar aos prazeres da carne oferecidos pela “teúda manteúda”. Até eu meu caro professor........
04 - Escravidão
O pai  entrega a filha aos desígnios do prostíbulo e sua virgindade é leiloada para atender aos impulsos machistas. Algo que , infelizmente, continua ocorrendo.
05 – Desejo
A bela e respeitável dama não resiste ao chamamento do prazer e se entrega de corpo e alma as carícias de seu amante. A carne é fraca e ela cansou de compartilhar o leito com um babaca.
06 – Liberdade
Nossa querida Gabriela, com jovialidade, beleza e naturalidade, sobe no telhado para pegar a pipa cuja linha foi cortada pelo mauricinho bobão. Gabriela tenta mostrar para os ilustres moradores de Ilhéus que o “viver” é algo bem mais digno que prostituição, dinheiro e poder.
Este romance retrata uma sociedade que vivia sob o signo de uma dicotomia ética e moral, onde o respeito pelo próximo era proporcional ao status social, político e econômico , “Manda quem pode, obedece quem tem juízo”.
Bem, poderíamos dizer que a bela obra tem alguns lampejos inspirados por Shakespeare e outros por Nelson Rodrigues, elaborados de forma magnífica pelo grande Jorge, não acham ?
Para terminar minha divagação digital, segue uma do Chico que na minha opinião resume o desejo feminino de ontem, de hoje, do amanhã e do sempre.
http://www.youtube.com/watch?v=HxYZs031ZyI
Um beijão para mulherada...

sexta-feira, 13 de julho de 2012

O verdadeiro laço

Comecei a ouvir os acordes de Hotel Califórnia (meu celular mandando eu pular da cama) e estava naquela posição de dormir de conchinha, saca, com minha querida Lu; o que é tudo de bom no frio ‘du Ca” que veio visitar a ilha.
Abri um olho e os primeiros raios de sol começavam a dizer :
- Bom dia meu brother, vamos para a musculação perder essa barriguinha.
Meu cérebro até estava entrando no embalo do chamado solar, mas meu corpo dizia:
- meu brother continua na “morfologia da concha”
Entre o cérebro e o corpo, optei pelo segundo.
Hotel Califórnia again:
- caraca! já são 09:30h!
Olhei para o Sol e disse:
- brother tá difícil tirar o esqueleto do leito!!!!!
Bem, comecei a espreguiçar igual a bebê no berço e me veio a lembrança da noite anterior.

...Passava das 18h e a Lu me liga informando que a Karin havia adiado a reunião da TPM (Turma do Papo da Mulherada); queria me chamar para sair mas lembrou de meu curso noturno.
Na real ela jogou um H para ver se eu faria um convite para uma saída básica. Pensei e disse:
- Lu, então vamos ao cinema, a aula de hoje eu pego depois.
Fui na frente para comprar os ingressos, que devido a “quinta do beijo” é a metade do preço, é só dar um beijo.
Vocês devem estar pensando:
- “ como ele foi na frente, pagou o ingresso normal???
Nada disso meus caros, olhei para o brotherzinho do caixa e disse:
- jovem, a Lu ainda não chegou mas darei o beijo quando entrarmos no cinema.
Ele disse :
- tudo bem.
Antes de entrarmos na sala 05, a Lu me disse:
- Estou ansiosa para ver como está a Amora, deve estar linda.
Não preciso dizer que fomos assistir “A Era do gelo 4”.
Nossos queridos amigos, Manny, Ellie, Sid, Diego, o obstinado Scrat, novos amigos e a bela e doce Amora, embalados em uma nova aventura patrocinada pela mãe natureza.
Eu e a Lu ficamos emocionados e felizes ao compartilhar, mais uma vez, esses novos momentos com nossos amiguinhos virtuais.
Não irei contar detalhes desta nova e bela aventura, apenas queria enfatizar a maravilhosa mensagem que nossos amiguinhos tentam nos passar e que pode ser resumida em uma máxima do espiritismo:
“ O verdadeiro laço que nos une não é o de sangue, mas sim o de amor e respeito da vida de um para com o outro”.....

Finalmente levantei da cama e fui tomar café com Frida, nossa poodlelata, e Amora, nossa rottlata, cujo nome é uma homenagem a filha da Ellie...

Em 2009, após assistir ao nascimento de Amora, escrevi o que segue.

 “E aí nômades e nativos, As-Salamu-Alaykum!
O planeta estava , vamos dizer, um pouco gelado.
Manny e Ellie esperavam ansiosos o nascimento do bebe.
Scrat continuava a saga da perseguição ao objeto do desejo.
Diego estava tentando absorver as mudanças oferecidas pelo avanço da idade ou talvez pelo marasmo da vida em família e o grande Sid naquele jeitão carente amigo de ser.
As crises existenciais masculinas afloravam no íntimo de nossos queridos personagens.
Sabe como é, homem não consegue desabafar, chorar, não sabe fazer confidências e nem "demonstrar" seus segredos mais íntimos. Talvez um salão de beleza funcionasse como terapia. (entendo salões de beleza como uma opção de divã muito utilizada pela mulherada, o fazer a unha é um plus da terapia inconsciente.)
Bem, nosso amigo Sid para saciar a carência afetiva adota 03 filhotes, supostamente abandonados, por uma maternidade não muito amistosa, aí começa a encrenca.
Nosso amigo e seus filhotes se mandam para o outro “mundo”, pendurados na garra da mamãe zelosa . Neste momento a grande Ellie ordena:
- Vamos salvar nosso Brother! Afinal, para os amigos TUDO!
Manny, Ellie e Diego partem rumo ao desconhecido, o outro “mundo”, um lugar cheio de surpresas e perigos.
Mas vocês sabem como é o mundo feminino, manda muito (principalmente as grávidas). Na real a coisa estava ficando complicada para nossos amigos, mas eis que surge o nosso herói, o grande Buck. Buck tem o coração de guerreiro e a alma de aventura. Domina o lugar hostil e comanda a nossa galera no resgate de Sid.
Várias situações perigosas e emocionantes acompanham a galera.
Como um menino eu nem piscava e vivenciava a saga na virtualidade do mundo 3D.
A Era no Gelo 3, nos dá um presente de emoções cujo ápice está embalado no “não” da hostilidade e no “sim” da natureza e da força feminina.
Neste contexto nasce Amora, um momento no qual um bando de marmanjos e crianças, por um pequeno espaço de tempo, percebem que a vida é algo mágico e fascinante e que a fé, a perseverança e a amizade estão acima de qualquer coisa.
Nosso grande Sid é resgatado, Scrat descobre que o relacionamento a dois pode ser um desafio maior que tentar pegar uma noz e nossos amigos e a linda Amora, retornam ao lugar comum.
O nosso herói Buck opta por permanecer na sua relação de amor, perigo e desafios em seu mundo hostil, algo que nossa racionalidade não nos permite entender.
Os meninos Emerson e Lucia, aprenderam e se emocionaram muito com nossos queridos heróis.
Um belo final de semana para vocês."

domingo, 8 de julho de 2012

A história da estória

1978.....
O Planalto Central  beirava a maior idade , “experienciava" a revogação do AI5, o lance da garotada era pegar umas ondas no Piton Farias e a criatividade musical era embalada pelo que podemos chamar de : rock “candango” urbano (espero que a galera do quadradinho não  fique chateada, é só para contextualizar o momento).
O mundo ainda não havia sido invadido pelos PC, a Internet ainda era coisa de milico, os relacionamentos não eram virtuais/fugaz e a globalização ainda estava nas fronteiras político-econômicas dos Tigres Asiáticos.
No Centro de Ensino Nº1, a meninada ainda tinha um ensino com qualidade e as salas de aula eram compostas pelas alas: galera do fundão, os CDF e os que ficavam em cima do muro; algo que parece perene. A Lu e o Robinson eram colegas de sala, ele sonhava com ficção e teatro, ela com dança e música. Estava na hora do recreio e Robinson chamou a Lu para mostrar-lhe sua primeira obra escrita “As Aventuras de Rebeto” que era embalada por pássaros, bruxas, frutos e dramas existenciais. A Lu gostou da estória e disse para o Robinson:
- deixa comigo que eu vou datilografar para você e depois te entrego...............

2012......
O mundo está globalizado, a Internet virtualizou nossas vidas e o mundo contemporâneo é tão dinâmico que o ontem, o hoje e o amanhã convergem para um momento único e o que é importante para uma  grande maioria, infelizmente, é apenas o “agora”.
A bela Floripa ainda curtia o finalzinho do verão, o Th do meio entra em casa e pergunta para Lu:
- mãe, por acaso você tem alguma estória de criança para que eu faça a ilustração, pois estou pensando no meu tema para o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) e a ideia é ilustrar uma estória infantil.
Como há momentos no qual até o universo conspira para que situações aparentemente desconexas, ou não “resolvidas”, se concretizem, a Lu respondeu:
- tem o livro do Robinson!!!, quando eu tinha 12 anos um colega de sala me mostrou um caderninho verde no qual ele escreveu um estória muito legal. Na época eu peguei o livro para datilografar mas em função dos rumos que nossas vidas tomaram, eu nunca mais encontrei o Robinson para devolver o caderninho mas o guardei até hoje. Dá uma lida e se você gostar, acho que ficaria bem  legal como tema de seu TCC. Mas antes, precisamos encontrar o Robinson para pedir autorização, pois ele é o autor e eu ficaria muito feliz em devolver a história agora digitada e ilustrada.
O Th do meio  gostou da estória escrita há 33 anos, conversou com seu orientador e começou elaborar seu trabalho de conclusão do curso de Design.
A Lu, by facebook (para este propósito os sites de relacionamentos são fantásticos) conseguiu reencontrar o Robinson, fez contatos, pediu autorização para utilização de sua estória (que ele até já havia esquecido) como insumo para o TCC e o convidou para estar presente na defesa do trabalho perante a banca examinadora.

05 de julho de 2012.......
O relógio marcava 17h e no auditório Henrique Fontes da UFSC, o Th do meio começava a apresentar/defender o seu TCC. Na plateia, estavam, além de alguns amigos do Th, eu, a Lu, o Th mais velho, o Robinson com sua esposa e os filhinhos.
Não conseguirei definir com palavras a gama de emoções que permearam a apresentação do que a princípio seria, apenas, mais um trabalho acadêmico. Como comentou um dos professores da banca “é o Design emocional”.
O “viver” é este algo magnífico e mágico, que permite aos seres humanos alguns momentos que são únicos e que resumem o ontem e o hoje no aqui, no agora e no sempre.......

Espero que, em breve, tenhamos a oportunidade de conferir “As Aventuras de Rebeto” nas livrarias.