A Lu estava em um evento virtual,
aliás entendo eventos virtuais como: “Eventos onipresentes contemporâneos”, e em
função do tema abordado sugeriu assistirmos um filme sobre a vida de Joana d’Arc.
A história da guerreira santa é
bem conhecida pela grande maioria e eu já havia visto algumas películas sobre
sua vida, mas pensei:
- Por que não rever a história da
Joana?
Comecei a procurar no “Oráculo”
um filme sobre a guerreira e achei um filme francês produzido em 1999: The
Messenger: The Story of Joan of Arc.
Falar de temas que envolvem
religiões, poderes, fé, crenças, santas, guerras etc quase sempre implica em
criar polêmicas, mas como o filme inundou minha mente de reflexões,
inquietações e lucubrações, vou arriscar, ressaltando que minhas divagações são
baseadas no filme e podem não corresponder a realidade dos fatos ocorridos na
época.
O filme começa em 1420, na época da
longa treta entre ingleses e franceses, algo tipo palestinos e judeus, que
rolou durante 100 anos. Joana estava com oito anos e já tinha os insights
celestiais pouco comuns aos “mortais”. Em um ataque desferido pelos ingleses a
sua vila, Joana perde sua irmã de forma brutal e a partir deste momento sua
relação com a vida terrena e espiritual muda de forma radical.
Joana começa a viver em “transe”
entre o céu e a terra, entre visões e chamamentos, iniciando sua missão inspirada
na libertação de seu povo oprimido, em função da relação de poder reinante na
época, ou seja: Povo, Igreja e Monarquia.
Joana lidera o exército francês,
e por acaso, destino ou desígnios divinos, mesmo muito jovem, inspira homens rudes
ao ideal patriótico, alcançando vitórias em batalhas sangrentas. Com certeza
nesta época éramos um pouco mais “bárbaros”.
Independente da trajetória de
nossa heroína, durante a película, o que mais me instigou a reflexão foi seu
momento derradeiro, período o qual passou no cárcere à espera da morte. Seu
diálogo seria introspectivo ou com seu “inquisitor” celestial?
Este momento me lembrou o filme A
Paixão de Cristo, dirigido por Mel Gibson, quando o emissário das trevas ficava
“enchendo o saco” de Jesus, em seus momentos de sofrimento, tentando induzi-lo a
questionamentos e dúvidas existenciais. Afinal, profetas e santos são humanos
enquanto encarnados.
Na solidão do cárcere a guerreira
santa põe em dúvida sua motivação divina. Afinal o quanto suas “fraquezas” humanas:
orgulho, vaidade, raiva, dor se confundiam com sua fé, sua santidade, suas
verdades? Seria ela uma mensageira santa ou uma guerreira vingativa?
Joana morreu na fogueira aos
dezenove anos, por vingança de um monarca inglês orgulhoso, vaidoso e cruel,
por omissão de um monarca francês desprezível e covarde, pela hipocrisia de uma
igreja que a condenou e depois a canonizou, mas absolvida por sua consciência
ou por seu “inquisitor” divino.
Independente de sua santidade,
Joana inspirou seu povo a acreditar, a ter esperança, a lutar para resgatar
aquilo que era seu de direito. Foi uma “influencer” de seu tempo e sofreu as
consequências de sua ousadia em desejar um mundo justo e fraterno para todos.