sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

WAVE


Estávamos em dezembro de 2006 e eu já estava no saguão do Aeroporto Hercílio Luz, aguardando a chegada do voo. Eu estava ansioso por vários motivos e o principal era:
- Como a Lu e os meninos se adaptariam a vida em Floripa? Outra terra, outra cultura, outro clima etc. Migrar do cerrado do DF para o litoral catarinense, deixando amigos, parentes, a casa etc, não era algo trivial.
Não saberei descrever a fisionomia deles quando nos encontramos no desembarque do aeroporto. Levei para cada um dos TH’s camisetas com slogan “Bem vindos a Floripa” e para Lu rosas.
Rumamos para o apartamento novo no Parque São Jorge após um inconveniente no aeroporto: a mala do TH mais velho havia sido extraviada. Só recebemos a mala 45 dias depois.
Enfim, casa nova, escola nova, novos amigos, novos vizinhos, novos sotaques e toda aquela gama de surpresas, emoções, alegrias, tristezas, saudades, decepções, conquistas etc, que permeiam nossas vidas, com o “agravante” da mudança geográfica.
Pensando em dar um incentivo aos Th’s, fomos fazer aulas de surf na Barra da Lagoa. Foi muito legal fazer aulas com os meninos. Pensei que eles iriam se envolver com a prancha, o mar, mas não rolou. Fizeram as aulas e somente o TH mais velho ainda tem uma prancha, que eu comprei do meu bruxo Cezar, o paulista que acha que é gaúcho.
Passado algum tempo ainda fiz aulas de Wind e de bodyboarding. Em uma das aulas de wind, na Lagoa, a vela caiu e eu fiquei embaixo dela. Imaginem a cena.
Passados 14 anos, estamos adaptados na soleira do Atlântico Sul, no meu querido Pântano do Sul, um lugar que chamo de “meu”, uma pretensão de um carioca que um dia foi gaúcho, outro dia foi candango e atualmente é um “manezinho”. Amanhã, quem sabe o que será ?
Bem, hoje depois de meu passeio matinal com minha querida Nala, e meu café da manhã, claro, peguei minha pranchinha de boby, meu pé de pato e fui relembrar as aulinhas que fiz na praia Brava.
O mar estava relativamente tranquilo, ondinhas de 0,5 a 1 metro, período das ondas de 5 segundos, água 25 graus e vento sul. Fiquei ao lado da galera que faz aula de surf e tomei muita “porrada” das ondas. Para atravessar a arrebentação estava aquela dificuldade, principalmente para quem tem 62 anos, pino no ombro esquerdo, placa no pé direito e não pratica o esporte há uma data. Enfim, foi muito legal. Em um determinado momento, uma menininha conseguiu pegar uma onda com sua pranchinha e eu estava “lutando” na arrebentação. Eu olhei para ela, ela sorriu, estava super feliz pois conseguiu dropar a onda.
O surf é um esporte mágico, a busca perene da onda perfeita e quando ela chega e o surfista consegue “domá-la”, como se doma um cavalo chucro, aqueles 5, 10, 20, 30 segundos, deslizando na onda, são de êxtase, de equilíbrio, de harmonia com a natureza.
Penso em fazer aulas de surf de novo, afinal o mar está todos os dias a nos convidar para o desafio do drop, enquanto isso vamos na pranchinha de body que também me permite momentos de êxtase, quando consigo pegar uma ondinha.

Um comentário:

  1. Grande Brother!!
    Seu texto, fez minha memória voltar a esse ano, e pensar em tudo que vivemos em Floripa...As mesmas dúvidas que passamos em 2006, e que vivemos hoje ao retornar a Brasília. A vida é incrível e nos mostra a cada momento, novas etapas, novas dúvidas, novo crescimento.
    Gde Abç!
    Vinicius

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