Outro dia uma amiga me enviou um e-mail comentando uma de minhas divagações e em um determinado momento ela perguntou:
- q q anda fazendo nessa vida de aposentado?
Entre outras coisas eu respondi:
- a vida de aposentado é um tanto quanto, vamos dizer, vida de aposentado. Você tem que cuidar mais da mente, corpo e alma, se não cai no marasmo e aí o bicho pega.
Na real essa coisa da aposentadoria é algo bem mais complexo, pois é uma fase da vida que depende de algumas variáveis onde as principais, no meu entendimento, são:
- a idade da “vítima” que será aposentada,
- o valor do benefício,
- como a vida pessoal e familiar estão estruturadas nesse momento,
- a atividade profissional,
- como foi o processo da aposentadoria (que no meu caso, e de outros amigos, não foi uma opção e sim uma imposição das circunstâncias. Eu fui aposentado, não me aposentei).
Outro fato interessante no meu processo de “convidado” a sair da empresa, foi que o mesmo ocorreu no dia de meu aniversário de casamento.
Aqui não cabe mágoas ou rancores pois minha visão daquilo que representamos para as empresas é ‘numeral” e “impessoal”, o affair está diretamente vinculado as “aspirações” e “determinações” empresariais ou "comportamentais" do dito colaborador.
Há algum tempo passou na telinha, programa Globo Reporter, uma matéria cujo tema era aposentadoria e cujo título, bem sugestivo por sinal, foi “Prêmio ou castigo”. Neste há várias situações de aposentadorias onde alguns relatos merecem destaque: perda do poder aquisitivo, sentimento de vazio, preocupações, saúde, filhos, “reclusão”, tristeza, insegurança, crise de identidade, penúria, escassez, depressão e uma que vou destacar: “projeto de vida”.
Eu não tinha um projeto de vida para o pós aposentadoria inesperada, creio que a grande maioria de nós não o tenha e isso é fundamental.
Não vou negar que passei por crises existenciais pois meu narcisismo orgulhoso se considerava um “talento desperdiçado” rssssssss, mas um fato interessante me fez cair a ficha de minha realidade profissional, ou seja :
Em um determinado momento fiz inscrição em um desses sites de classificado de empregos visando ter a “dimensão” de minha empregabilidade. O resultado foi tipo assim “um soco no fígado”.
Fiz inscrições para algumas vagas e nenhuma empresa fez contato. Um tempo depois um especialista me enviou um e-mail comentando meu currículo e a primeira dica foi :
- omita sua idade
Eu pensei :
- omitir minha idade? Como?
- meu currículo e minha idade denotam meus “talentos”! Ou não?
- será que sou tão bom que não há vagas disponíveis (o lado “narcisorgulhoso” di novo)?
- será que semelhante a jogador de futebol, meu passe, meus dribles, meu pique já são morosos e não consigo acompanhar a equipe?
- será que semelhante a um cantor, meus agudos e meus graves já não tem a mesma afinação?
Talvez sim, talvez não, mas valeu a experiência.
Com certeza existe um vazio que devo preencher ou não, pois o tempo se encarregará de dispersar ou atenuar.
Tenho alguns projetos de vida que se confundem, se misturam, se atrapalham, mas entendo ser algo natural, é alguma coisa parecida com a vida do menino que tem quinze anos, ou seja :
“é muito novo para ter os mesmos “direitos” dos meninos de dezoito e muito velho para que lhe sejam permitidas as “bobeiras” dos meninos de doze”.
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