segunda-feira, 13 de setembro de 2010

A idiossincrasia do voto e o sincretismo político.


Terminei a leitura do livro “Ensaio sobre a lucidez” by Saramago.
A trama desenrola-se em um período de eleição, qualquer semelhança não é mera coincidência, em um determinado país e o comportamento inesperado do eleitor onde a grande maioria votou em branco. O que poderíamos chamar de idiossincrasia coletiva do voto.
Saramago, como em Ensaio para cegueira, “brinca” com o comportamento humano e suas reações diante do inesperado, do surpreendente. Há uma sequência de situações onde o comportamento do povo incita os políticos a tomarem decisões totalmente equivocadas, caracterizando algo que é premissa da maioria dos governos em nosso planeta, a INCOMPETÊNCIA patrocinada pela tríade orgulho/vaidade/egoísmo. O que poderíamos chamar de sincretismo político global.
Não quero fazer “apologias”, mas sinceramente entendo que todos deveriam ler o livro e aproveitar para fazer a “reflexão do voto”.
Pensando em idiossincrasia e sincretismo, assisti o debate político realizado ontem na telinha. Algo simplesmente improdutivo e ridículo. A Dilma e Serra, um jogando merda no ventilador do outro, a Marina tentando fazer ser ouvida e o Plínio utilizando de um sarcasmo peculiar para “sacanear” os demais. Simplesmente lastimável e creio que os próximos serão bem pior.
De fato, entendo que as regras definidas para os debates não contribuem em nada para um diálogo produtivo e proveitoso. Como sou um cara “intrometido” vou dar algumas dicas para os senhores reportes e candidatos:
01 – deverão ser elencados, por ordem de prioridade e bom senso, os problemas mais críticos do país, definidos pelos eleitores. Ex: segurança, saúde, educação, emprego, catástrofes patrocinadas pela ocupação indevida do solo, corrupção, INSS etc,
02 – cada candidato deveria ter 15 minutos para explicar o seu planejamento estratégico, com os respectivos prazos, para tratar esses assuntos, 01 hora,
03 – cada candidato teria uma réplica de 05 minutos para “criticar com suas propostas”, o planejamento do outro, 20 minutos,
04 – cada candidato teria 05 minutos para tréplica, 20 minutos,
05 – 20 minutos para perguntas “consistentes” a serem feitas pelos reportes ou platéia.
Duas horas de algo que mereça ser ouvido, assistido.
Além dos debates incipientes permanecemos na mesmice dos anos eleitorais, onde nesses sempre “surgem” os escândalos de tráfico de influência, vazamento de informações sigilosas, lobby, corrupção e por aí vai.
Não vou dizer que devemos “sofrer” um “surto epidêmico” do voto em branco, mas ver a Marina desbancar Serra e Dilma seria uma demonstração nacional de cidadania, um não a mesmice, algo do tipo :
“...falemos abertamente sobre o que foi a nossa vida, se era vida aquilo, durante o tempo em que estivemos cegos, que os jornais recordem, que os escritores escrevam, que a televisão mostre as imagens da cidade tomadas depois de termos recuperado a visão, convençam-se as pessoas a falar dos males de toda espécie que tiveram de suportar, falem dos mortos, dos desaparecidos, das ruínas, dos incêndios, do lixo, da podridão, e depois, quando tivermos arrancado os farrapos de falsa normalidade com que temos andado a querer tapar a chaga, diremos que a cegueira desses dias regressou sob uma nova forma, chamaremos a atenção da gente para o paralelo entre a brancura da cegueira de há quatro anos e o voto em branco de agora....” José Saramago.
Alguns, ou melhor, muitos alguns vão dizer que a Marina não está preparada para assumir um cargo de tamanha relevância para o país e eu volto a repetir:
O grande problema não está no ocupante do mais alto cargo do palácio do planalto, o problema está na ocupação dos cargos dentro dos “pires” ou “cúpulas” ou “pratos”, que estão na esplanada dos ministérios.
Ideologia? Quem sabe precisemos de alguma para sobreviver..........

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