Pode ser devido a proximidade do tal dia de finados (contraditório ter um dia "dedicado" para os mortos, se somos todos espíritos eternos e sendo o corpo apenas uma roupagem adaptativa para as necessidades terrenas), pode ser que a impiedosa senhora já esteja preparando meu "sobreaviso" ou talvez seja porque terminei de ler mais um do Saramago, “As intermitências da morte”.
Como em Ensaio para Cegueira e Ensaio sobre a Lucidez, o grande Saramago brinca com situações inusitadas que impõem a suas personagens as atitudes e posturas equivocadas, que é peculiar da natureza humana, diante do inesperado, do desconhecido, do novo, do surpreendente.
Na trama, Deus e a morte dividem o poder de decisão do momento de nosso "fim", ou melhor, de nosso novo "início".
Fica bem interessante imaginar viver os fatos da trama onde a morte entra em greve e as pessoas passam a viver “eternamente” no nosso mundinho de provas e expiações.
Em decorrência do fato,surgem as ocorrências inevitáveis das crises existenciais, institucionais, religiosas e financeiras:
- Como a igreja poderá sobreviver sem a morte ?
- Como as empresas de seguro farão o seguro de vida, que para o segurado é de morte?
- Como os cemitérios vão ser populados se não há corpos?
- Como não mais levar flores para um monte de osso que na realidade é apenas um monte de osso?
- Como evitar a falência das funerárias?
- Como evitar a falência do sistema previdenciário?
- Ou pior, como ficar condenado eternamente a um estado vegetativo?
Com certeza é uma situação a qual não imaginamos pois a morte é a sequência natural da vida, é nosso destino, nossa “meta”, o diploma evolutivo que nos permite passar para a próxima séria, repetir o ano ou quem sabe ser agraciado com uma “graduação”.
No decorrer da trama e como precisamos da morte, a mesma retorna mas de uma maneira um tanto quanto peculiar, ou seja, ela passa a avisar aos candidatos ao desencarne o dia de embarcarem na carruagem púrpura rumo ao “desconhecido”.
Entendo que a grande sacada do Saramago, em seus ensaios, é nos permitir reflexões que fogem a tudo aquilo que entendemos como normal e que não “condiz” com nosso modelo mental.
De fato só conseguimos ter discernimento sobre somente aquilo que está dentro das fronteiras de nossos parcos sentidos.
Bem, como a sombria senhora do poder é implacável e que também em tecnologia temos poetas, músicos, artistas etc, segue abaixo uma brincadeira divertida entre a morte e a tecnologia.
Não se preocupem, afinal até os roteadores morrem.....
http://www.youtube.com/watch?v=_y36fG2Oba0
(Plenária do RIPE 55, a qual um dos profissionais mais brilhantes que conheci, o pequeno grande Diogo Montagner, estava lá e curtiu o momento)
=Peço desculpas à galera que não atua na área de tecnologia de rede, pois será um pouco complicado entender a brincadeira do participante do RIPE 55=
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